*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

terça-feira, 20 de novembro de 2012


O tamanho do impasse - A conta é simples: os EUA arrecadam US$ 2,4 trilhões; gastam US$ 3,5 trilhões. Rombo de US$ 1,1 trilhão. Esse é o orçamento do governo americano este ano, com déficit estimado em 7% do PIB. O montante no vermelho é quase duas vezes maior que o PIB de Grécia, Irlanda e Portugal juntos. Não é pequeno o tamanho do impasse entre democratas e republicanos. [...] Há consenso entre governo e oposição de que é preciso ajustar as contas. As divergências estão na forma de fazer isso. Obama quer cortes em defesa e aumento de impostos para os mais ricos. Os republicanos querem cortar gastos com programas sociais e não aceitam reduzir orçamentos militares. Mirian Leitão - Leia mais.

Questões orçamentárias a parte, lá, dá pra distinguir, claramente, a fronteira ideológica (pelo menos em tese) entre as duas grandes correntes políticas quando, nesse momento, republicanos e democratas propõem soluções para “pagar a conta”. E que conta! Um pouco diferente daqui onde existe (pelo menos na prática) somente uma “ideologia” política: O que eu ganho com isso! Exemplo? Centenas, mas vou citar apenas um: o PSD (Partido Social Democrático) do Gilberto Kassab, que é tão democrático, mas tão democrático, que não se alinha na direita, nem na esquerda e nem no centro. É o primeiro partido quântico do mundo, pois pra ele existir, depende somente do observador... e sua ideologia. 

O doutor Vinicius Couto, presidente da Associação dos Servidores do Superior Tribunal de Justiça, avisa: "Informamos aos associados e demais servidores que foi deferido no Conselho de Administração, nesta manhã e por unanimidade, requerimento da ASSTJ solicitando que o feriado natalino e de final de ano fosse instituído para o período de 20 de dezembro a 6 de janeiro, conforme preceitua o inciso I do art. 62 da lei 5.010 de 20 de maio de 1996." O STJ intitula-se "Tribunal da Cidadania", mas só seus cidadãos-servidores usufruem desse presente. Elio Gaspari, para o Globo

Um total de dezoito dias. Bom, né mesmo?... e depois, ainda têm férias. E tudo remunerado as expensas dos baba... - Ops! Erro nosso – dos cidadãos brasileiros não-servidores.  

Foi-se embora do Supremo Tribunal Federal o ministro Carlos Ayres Britto. Ocupou a presidência da Casa por apenas sete meses e presidiu o maior julgamento de sua história, engrandecendo a corte e o país. Sua maestria esteve na habilidade com que costurou em silêncio vaidades, conflitos e manobras. Em 2003, quando Lula nomeou-o para a corte, para os leigos sua biografia resumia-se a um viés regionalista e pitoresco: era sergipano e poeta. Depois soube-se que era também vegetariano. Antes de assumir a presidência do tribunal ele fixou outra característica: seus votos indicavam um jurista convicto de que a Constituição tem um espírito.

Num país onde a Carta é emendada como se fosse uma lista de compras, acreditar que há nela um indicador da alma da sociedade foi a maior das suas contribuições. Com esse entendimento, matou a Lei de Imprensa da ditadura com tamanho vigor que até hoje o Judiciário não digeriu direito seu voto.

Presidindo o julgamento do mensalão, deu um exemplo aos costumes nacionais mostrando que na política brasileira há espaço para a suavidade. Nunca elevou a voz, jamais acrescentou arestas a debates crispados. Num tribunal que passara pela presidência alegórica de Gilmar Mendes e irritadiça de Cezar Peluso, ele descalçava as meias sem tirar os sapatos. Britto aposentou-se dias depois da morte do mestre-sala Delegado da Mangueira, outro campeão da suavidade. Na política, ecoou a serenidade de Tancredo Neves e de Fernando Henrique Cardoso, dois mágicos, capazes de fazer com que as crises entrassem grandes e barulhentas em seus gabinetes e saíssem menores, em surdina. De bem com a própria vida, Carlos Ayres Britto melhorou a dos outros. Elio Gaspari

“Esse é o cara” que vai deixar saudades democráticas.
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“Eles estão vivendo com a intensidade do eterno os últimos momentos de impunidade. Ou, então, acreditam no calendário maia.”
Senador Álvaro Dias (PSDB-PR), sobre José Dirceu passar o feriado descansando em Camaçari (BA) e Paulo Maluf em Campos do Jordão (SP)
Blog do Noblat – O Globo