O tamanho do impasse
- A conta é simples: os EUA arrecadam US$ 2,4 trilhões; gastam US$ 3,5
trilhões. Rombo de US$ 1,1 trilhão. Esse é o orçamento do governo americano
este ano, com déficit estimado em 7% do PIB. O montante no vermelho é quase
duas vezes maior que o PIB de Grécia, Irlanda e Portugal juntos. Não é pequeno
o tamanho do impasse entre democratas e republicanos. [...] Há consenso
entre governo e oposição de que é preciso ajustar as contas. As divergências
estão na forma de fazer isso. Obama quer cortes em defesa e aumento de impostos
para os mais ricos. Os republicanos querem cortar gastos com programas sociais
e não aceitam reduzir orçamentos militares. Mirian Leitão - Leia mais.
Questões
orçamentárias a parte, lá, dá pra distinguir, claramente, a fronteira
ideológica (pelo menos em tese) entre as duas grandes correntes políticas
quando, nesse momento, republicanos e democratas propõem soluções para “pagar a
conta”. E que conta! Um pouco diferente daqui onde existe (pelo menos na
prática) somente uma “ideologia” política: O que eu ganho com isso! Exemplo?
Centenas, mas vou citar apenas um: o PSD (Partido Social Democrático) do
Gilberto Kassab, que é tão democrático, mas tão democrático, que não se alinha
na direita, nem na esquerda e nem no centro. É o primeiro partido quântico do
mundo, pois pra ele existir, depende somente do observador... e sua ideologia.
O doutor Vinicius
Couto, presidente da Associação dos Servidores do Superior Tribunal de Justiça,
avisa: "Informamos aos associados e demais servidores que foi deferido no
Conselho de Administração, nesta manhã e por unanimidade, requerimento da ASSTJ
solicitando que o feriado natalino e de final de ano fosse instituído para o
período de 20 de dezembro a 6 de janeiro, conforme preceitua o inciso I do art.
62 da lei 5.010 de 20 de maio de 1996." O STJ intitula-se "Tribunal
da Cidadania", mas só seus cidadãos-servidores usufruem desse presente. Elio Gaspari, para o Globo
Um total de dezoito
dias. Bom, né mesmo?... e depois, ainda têm férias. E tudo remunerado as
expensas dos baba... - Ops! Erro nosso – dos cidadãos brasileiros
não-servidores.
Foi-se embora do
Supremo Tribunal Federal o ministro Carlos Ayres Britto. Ocupou a presidência
da Casa por apenas sete meses e presidiu o maior julgamento de sua história,
engrandecendo a corte e o país. Sua maestria esteve na habilidade com que
costurou em silêncio vaidades, conflitos e manobras. Em 2003, quando Lula
nomeou-o para a corte, para os leigos sua biografia resumia-se a um viés
regionalista e pitoresco: era sergipano e poeta. Depois soube-se que era também
vegetariano. Antes de assumir a presidência do tribunal ele fixou outra
característica: seus votos indicavam um jurista convicto de que a Constituição
tem um espírito.
Num país onde a
Carta é emendada como se fosse uma lista de compras, acreditar que há nela um
indicador da alma da sociedade foi a maior das suas contribuições. Com esse
entendimento, matou a Lei de Imprensa da ditadura com tamanho vigor que até
hoje o Judiciário não digeriu direito seu voto.
Presidindo o
julgamento do mensalão, deu um exemplo aos costumes nacionais mostrando que na
política brasileira há espaço para a suavidade. Nunca elevou a voz, jamais
acrescentou arestas a debates crispados. Num tribunal que passara pela
presidência alegórica de Gilmar Mendes e irritadiça de Cezar Peluso, ele
descalçava as meias sem tirar os sapatos. Britto aposentou-se dias depois da
morte do mestre-sala Delegado da Mangueira, outro campeão da suavidade. Na
política, ecoou a serenidade de Tancredo Neves e de Fernando Henrique Cardoso,
dois mágicos, capazes de fazer com que as crises entrassem grandes e
barulhentas em seus gabinetes e saíssem menores, em surdina. De bem com a
própria vida, Carlos Ayres Britto melhorou a dos outros. Elio Gaspari
“Esse é o cara” que vai
deixar saudades democráticas.
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“Eles
estão vivendo com a intensidade do eterno os últimos momentos de impunidade.
Ou, então, acreditam no calendário maia.”
Senador
Álvaro Dias (PSDB-PR), sobre José Dirceu passar o feriado descansando em
Camaçari (BA) e Paulo Maluf em Campos do Jordão (SP)
Blog
do Noblat – O Globo