*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

As várias faces do fim do mundo


A matéria do Fantástico, domingo 16, sobre o fim do mundo tá dando o que falar. Pelo menos neste bloguinho. Recebi alguns questionamentos (dois) onde, de maneira geral, me acusam de acabar com o mundo antes do previsto pelos Maias, (ver postagem do dia 12). Pelo menos uma coisa boa: tem gente lendo o blog.

Data vênia, vamos aos fatos: Primeiro não assisti a matéria do Fantástico, simplesmente porque não assisto este programa. Só vi as chamadas no decorrer da semana. Segundo: referi-me a profecia maia, por ser, este, um dos assuntos que domina a mídia neste fim de ano/fim do mundo, mas até onde eu sei, os Maias não previram fim do mundo nenhum e somente o fim de um ciclo e início de outro, baseados em seus conhecimentos sobre Astronomia/Astrologia e Matemática. Simples assim, só que há mais de dois mil anos. Alias, se for pra levar isso a sério, é bom ter em mente que são sete, isso mesmo “7”, o número que compõe o pacote das profecias Maias.

Essa turma não era fácil. Já naquele tempo determinara, e com muita precisão, o ano lunar; a trajetória de Vênus; o ano solar (365 dias, 5 horas, 48 minutos e 45 segundos) e por e aí vai. Dentre tantas técnicas – que eram aplicadas especialmente à agricultura - conheciam muito bem os ciclos dos solstícios/equinócios e o fenômeno da precessão do equinócio, que é o bamboleio do eixo imaginário da Terra, em 12 ciclos ou eras, de 2.160 anos cada, perfazendo um total de 26 mil anos em seu giro completo – esses números são aproximados. Pra quem acha que “fenômeno” é apelido de jogador de futebol, vai ter dificuldades para entender isso [1].

Existem várias interpretações sobre a data desse “fim do mundo”, que eu prefiro chamar de período de transição entre ciclos do Planeta. Quanto ao “ano” e “mês”, parece que os estudiosos não tem dúvidas, mas em relação ao “dia” não dá pra ser tão cirúrgico assim nesta a precisão, pois pode variar entre o primeiro e o vigésimo quinto dia, do mês de dezembro e de acordo com o nosso calendário, isso, porque existe uma inconsistência entre os calendários Maia e Gregoriano [2].

O budismo vai mais longe e coloca os ciclos do Universo em um pacote só, chamando-o de “Manvantara”. Muito conhecido para quem estudou/estuda as religiões&filosofias orientais... mas aí é assunto par outra prosa. [3 e 4].

Sendo assim, escolhi para “fim do mundo” a data 12.12.12 ás 12:12h, pela harmonia, misticismo e singularidade dos números que à compõem. Somente no século XXII, em 12 de dezembro de 3012, às 12:12h, - isto é, daqui a mil anos – poderemos repetir esta “conjunção” numérica. Andaram dizendo que daqui a cem anos, esse arranjo se repete, mas não é verdade, pois “12 de dezembro de 2112”, não tem o mesmo sincronismo da data Maia, pois refere-se ao ano “cento e doze” e não ao “ano doze”, do século XXI.

Quem por acaso se interessar por esse e outros “efeitos especiais” que “glamourizam” os enredos das estórias sobre o nosso planetinha, vale a pena ler “A Digital dos Deuses” de Graham Hancock, um jornalista, que mistura pesquisas cientificas e investigação histórica a cata de esclarecer as “lendas” que fantasiam a história do planeta Terra e sua interação com o Universo.

Parodiando o grande pensador Ibrahim Sued, fica o recadinho: “Sorry periferia! Devagar eu chego lá”. Mas fica esperto, pois “cavalo não desce escada”... “ademã, que eu vou em frente”.

#Referências

[1] – O bamboleio de um planeta deformado - Todo esse movimento circular, [da Terra], claro, gera imensas forças centrífugas e estas, como sir Isaac Newton demonstrou no século XVII, fazem com que o "saco de papel" da terra torne-se abaulado no equador. O corolário disso é o achatamento dos pólos. Em conseqüência, nosso planeta desvia-se ligeiramente da forma de uma esfera perfeita e pode ser descrito mais corretamente como um "esferóide oblato". Seu raio no equador (6.377.068km) é 22km mais longo do que o raio polar (6.355.422km).

Durante bilhões de anos, os pólos achatados e o equador inchado têm esta­do empenhados em uma interação matemática oculta com a influência oculta da gravidade. "Uma vez que a Terra é achatada", explica uma autoridade, "a gravidade da Lua tende a inclinar o eixo da Terra, para que ele se torne perpen­dicular à órbita da Lua e, em menor extensão, isso também se aplica no caso do Sol". Simultaneamente, a inchação equatorial - a massa extra distribuída em volta do equador - atua como a borda de um giroscópio para manter a terra firme em seu eixo.

Ano após ano, em escala planetária, é esse efeito giroscópico que impede que o puxão do sol e da lua altere radicalmente o movimento de rotação do eixo da terra. A atração que esses dois astros exercem conjuntamente é, contudo, sufici­entemente forte para obrigar o eixo a "precessar", o que significa que ele bambo leia lentamente em direção horária, oposta ao giro da terra.

Esse importante movimento é a assinatura característica de nosso planeta no sistema solar. Quem quer que já tenha um dia jogado um pião deve poder com­preender esse fato sem muita dificuldade. O pião, afinal de contas, é simples­mente um outro tipo de giroscópio. Em giro completo sem interrupção, ele per­manece na vertical. Mas, no momento em que o eixo é desviado da vertical, ele começa a exibir um segundo tipo de comportamento: um bamboleio lento e obstinado, invertido, em volta de um grande círculo. Esse bamboleio, que é uma precessão, muda a direção em que o eixo aponta, enquanto se mostra constante em um novo ângulo inclinado. Uma segunda analogia, de enfoque um tanto diferente, pode ajudar a escla­recer ainda mais o assunto: Suas ordens, por conseguinte, eram de não se meter em sua rotação axial, mas transmitir a ela o outro movimento: o bamboleio no sentido horário denominado precessão. Se quiser, você pode pensar nisso como um dos mecanismos básicos do sis­tema solar ou, se preferir, como um dos mandamentos fundamentais, da vontade divina.

No processo, pouco a pouco, enquanto você lentamente passa o eixo pro­longado pelos céus, as duas pontas apontarão para uma estrela após outra nas latitudes polares do hemisfério celeste sul (e, às vezes, claro, para o espaço vazio), e para uma estrela após outra nas latitudes polares do hemisfério ce­leste norte. Estamos falando aqui sobre um tipo de dança de cadeiras entre as estrelas circumpolares. E o que mantém tudo isso em movimento é a precessão axial da terra — um movimento impulsionado por gigantescas forças gravitacionais e giroscópicas, um movimento regular, previsível e relativamente fácil de esclarecer com ajuda de equipamento moderno. Assim, por exemplo, a estrela polar norte é atualmente Alfa Ursa Menor (que conhecemos como Estrela Polar). Cálculos de computador, porém, permitem-nos dizer com certeza que, no ano 3000 a.C, Alfa Draconis (Dragão) ocupava a posição polar; na época dos gregos, a estrela polar norte era Beta Ursa Menor; e, no ano 14.000 d.C. será Vega.- Extraido do livro “As Digitais dos Deuses” - Graham Hancock, na parte V, “O Código da Precessão dos Equinócios”, capítulo 28, “A Maquinaria do Céu”.

[2] – Profecia Maia: O fenômeno 2012 compreende um conjunto de crenças escatológicas segundo as quais eventos cataclísmicos ou transformadores acontecerão em 21 de dezembro de 2012. Esta data é considerada como o último dia de um ciclo 5.125 anos do calendário de contagem longa mesoamericano. Vários alinhamentos astronômicos e fórmulas matemáticas têm sido colocadas como pertencentes a essa data, apesar de nenhuma delas ter sido aceita por estudiosos importantes.

Antes de mais nada, é importante destacar que a contagem ou conta longa não foi mantida pelos maias contemporâneos, diferentemente do ciclo de 260 dias, por exemplo. Sua reconstrução foi feita pelos acadêmicos e posteriormente adotou-se a teoria que posiciona o fim de um ciclo em 2012 como teoria hegemônica tanto entre acadêmicos quanto entre maias contemporâneos. Contudo, esta não deveria ter sido naturalizada. Isto significa dizer que, literalmente, não temos certeza de que o tão falado ciclo de 2012 termine de fato em 2012. Pode ter terminado há anos ou ainda demorar anos para terminar. 

Na teoria mais aceita, dezembro de 2012 marca o fim do atual ciclo b'ak'tun da contagem longa mesoamericana, a qual era usada na América Central antes da chegada dos europeus. Embora a contagem longa tenha sido provavelmente inventada pelos olmecas, tornou-se estritamente relacionada com a civilização maia, cujo período clássico durou entre 250 e 900 d. C.. Os maias clássicos eram alfabetizados e seu sistema de escrita encontra-se substancialmente decifrado.

A contagem longa define a "data zero" em um ponto do passado, que marcou o fim do mundo anterior e o início do atual, correspondente a 11 ou 13 de agosto de 3114 a. C. no calendário gregoriano, dependendo da forma utilizada. Ao contrário do calendário usado atualmente pelos maias, a contagem longa foi linear, e não conjuntural, e mantida em unidades de tempo baseadas no sistema vigesimal. Por esse meio, 20 dias correspondem a um uinal, 18 uinals (360 dias) a um tun, 20 tuns a um k'atun e 20 k'atuns (144.000 dias) correspondem a um b'ak'tun. Assim, por exemplo, a data maia 8.3.2.10.15 representa 8 b'ak'tuns, 3 k'atuns, 2 tuns, 10 unials e 15 dias desde a data zero. Muitas inscrições maias têm a contagem de mudança para uma ordem mais elevada após 13 b'ak'tuns..

Em 1957, o astrônomo Maud Worcester Makemson escreveu que "a realização do Grande Período de 13 b'ak'tuns será da maior importância para os maias." Nove anos depois, Michael D. Coe, mais ambiciosamente, afirmou que o "Armageddon degeneraria todos os povos do mundo desde a sua criação, e que no dia do décimo terceiro e último b'ak'tun o universo seria aniquilado, no dia 24 de dezembro de 2012 (depois revisada para 23 de dezembro de 2012) quando o Grande Ciclo da contagem chega a sua conclusão."A questão é ainda mais complicada por diversas cidades-estados maias empregarem a contagem longa de maneira diferente. Em Palenque, a evidência sugere que os sacerdotes acreditavam que o ciclo terminaria após 20 b'ak'tuns e não 13. Fontes diversas

[3] – Os ciclos do Manvantara

Anos mortais
360 dias mortais equivalem a
1
O KritaYuga
1.728.000
O TetrâYuga
1.296.000
O Dvâpara Yuga
864.000
O Kali Yuga
432.000
A soma destes 4 Yugas constitui um Mahâ Yuga, com
4.320.000
Setenta e um Mahâ Yugas formam o período do reinado de um Manu
306.720.000
Os reinados de quatorze Manus compreendem a duração de 994 Mahâ Yugas, ou
4.294.080.000
Acrescentem-se os Sandhis, ou seja, os intervalos entre os reinados dos Manus, intervalos equivalentes a seis Mahâ Yugas, ou...
25.920.000
O total dos reinados e interregnos dos quatorze Manus é de 1 . 000 Mahâ Yugas, perfazendo um Kalpa, isto é, um Dia de Brahman
4.320.000.000
Como uma Noite de Brahman tem igual duração, um Dia e uma Noite de Brahman contém
8.640.000.000
360 de tais Dias e Noites de Brahman constituem um Ano de Brahman, que se eleva a
3.110.400.000.000
100 destes Anos formam o período completo da Idade de Brahman, isto é, o MahâKalpa ou a duração de um Universo.
311.040.000.000.000

Fonte: “A Doutrina Secreta” – Helena Blavatisky

[4] - Da Revista Scientic American – BR, no. 29; sobre “O Panorama da Teoria das Cordas.”: “Vemos apenas um conjunto de leis,(...) simplesmente porque não conseguimos enxergar mais longe. Em nosso cenário, aquilo que vemos como o Bing Bang, que deu início a nosso Universo, não foi mais do que um salto mais recente para uma nova configuração. Um dia – provavelmente muito distante para que nos preocupemos com ele - esta parte do mundo pode vir a vivenciar outra transposição deste tipo.”