*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

sexta-feira, 15 de março de 2013


"Temos o objetivo de acabar com essa pobreza extrema até 2014.
É óbvio que não vai ser no dia 31 de dezembro de 2014”.
Dilma durante um discurso no Piauí

Descompromisso terminal - As últimas nomeações para as comissões temáticas do Congresso Nacional, como a do deputado federal evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) para a de Direitos Humanos, desmoralizam ainda mais a imagem do Poder Legislativo e demostram um “descompromisso terminal” da Câmara dos Deputados com a sua função institucional. A avaliação é de especialistas políticos entrevistados pelo GLOBO, segundo os quais, nos episódios recentes, o Congresso Nacional revelou um “cinismo institucional” e um “desrespeito à cidadania”. Para eles, a prática do Poder Executivo de formar a base aliada do governo federal por meio da distribuição de cargos é a principal responsável pelas recentes nomeações no Congresso Nacional.

Que a imagem do Poder Legislativo (e eu colocaria neste mesmo saco o Executivo) tá desmoralizada, a gente sabe, faz tempo. É como dizia Juca Chaves “O que a senhora é a gente já definiu, agora é só uma questão de preço”. A novidade da notícia é o termo “descompromisso terminal”. Muito bom! Pelo menos saímos daquelas velhas e desgastadas expressões, que há anos vem adjetivando as semvergonhices de nossos políticos. Me perdoe o poeta, mas assim como navegar é preciso, viver não é, renovar é preciso. 

No início do ano passado, ao tentar me cadastra na rede social do Google – o Google+ - meu perfil foi bloqueado, pois minha identificação no cadastro Gmail é C14UD10 DANT45. O Administrador da conta Google+ alegou que esse não é um nome válido e pediu que eu informasse o nome correto, para, então, liberar o acesso. Como não morro de amores por redes sociais, bloqueado está e assim ficará centuria pro centuries. Mas fica no ar a pergunta clerical: Por que Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini adotou o codinome Paulo VI? Na mesma linha, mais exemplos, como o de Karol Józef Wojtyła  codinome João Paulo II; Joseph Alois Ratzinger codinome Bento XVI e agora Jorge Mario Bergoglio ou simplesmente Francisco. Citei alguns, dentre tantos - aliás, dentre todos - e refaço a pergunta: Por que não pode Claudio Antônio de Brito Dantas codinome C14UD10 DANT45?  


A presidente Dilma Rousseff disse na tarde desta sexta-feira (18), no Piauí, que seu governo irá erradicar a miséria extrema no país até o "início de 2014". O anúncio foi feito em um dos Estados com o maior número de famílias com renda per capita mensal abaixo de R$ 70, critério para a aferição da condição de miséria extrema. A partir desse valor, o governo considera que a pessoa não está mais no grupo de extrema pobreza. Dilma afirmou, durante discurso [...], que alguns Estados erradicarão a miséria ainda este ano. Os demais, em 2014. "Um país não vai ser respeitado se nós deixarmos uma parte do nosso povo, uma parte da nossa população em condições de pobreza", afirmou Dilma. "Achamos que o país vai crescer se as pessoas crescerem junto." Leia.

Segundo a Secretaria Extraordinária para Superação da Extrema Pobreza – não é ficção, esse órgão existe - seu principal foco de atuação são os 16 milhões de brasileiros cuja renda familiar per capita, é inferior a R$ 70,00 mensais, visando sua inserção na cidadania. Essa Secretaria lembra uma passagem do livro “1984” de George Orwell:  

“Se bem que, pensou ele ao reajustar os números do Ministé­rio da Pujança, aquilo nem falsificação era. Tratava-se apenas de substituir um absurdo por outro. Quase todo o material com que lidavam ali era desprovido da mais ínfima ligação com o mundo real — faltava até o tipo de ligação contido numa mentira desla­vada. As versões originais das estatísticas não eram menos fanta­siosas que suas versões retificadas. Na maioria das vezes, Winston e seus colegas eram simplesmente obrigados a tirá-las da cartola”.

“As projeções do Ministério da Pujança, por exemplo, indicavam que a produção trimestral de botas chegaria a cento e quarenta e cinco milhões de pares. A produção efetiva ficara em sessenta e dois milhões. Ao reescrever as estimativas, porém, Winston bai­xara o número para cinquenta e sete milhões de pares, para dessa forma abrir espaço para as costumeiras declarações de que a cota de produção fora superada. De todo modo, os sessenta e dois mi­lhões de pares não se aproximavam mais da verdade do que os cinquenta e sete milhões ou os cento e quarenta e cinco milhões. Era bem provável que nem um mísero par de botas tivesse sido produzido. Mais provável ainda era que ninguém soubesse quan­tos pares haviam sido produzidos, nem fizesse questão de saber”.

“O que se sabia sem sombra de dúvida era que todos os trimestres uma quantidade astronômica de botas era produzida no papel, en­quanto possivelmente metade da população da Oceânia andava descalça pelas ruas. E assim acontecia com todos os tipos de fatos documentados, importantes ou não. Tudo ia empalidecendo num mundo de sombras, em que, por fim, até mesmo o ano em que estavam se tornava incerto”. Trechos do livro “1984”, pag 55.

IGNORÂNCIA É FORÇA!
Uma das três frases-lema do “Partido”,
cunhada pelo “Grande Irmão”.
George Orwell em “1984”.