“Acho que quem quiser tirar proveito disso já
perdeu. Não é um momento político, é social. Quem pensar que vai dirigir essas
camadas não vai.”
Fernando
Henrique Cardoso, sobre as possíveis explorações políticas das manifestações.
Quanto valem 20 centavos? “Vinte centavos não são vinte centavos. Vinte
centavos tornaram-se ao mesmo tempo estopim e símbolo de um movimento tão
grávido de possibilidades que foi reprimido a balas de borracha, a bombas de
gás lacrimogêneo e também a golpes de caneta. O que começou com o aumento da
passagem do ônibus, se alargou, se metamorfoseou e virou um grito coletivo que
tomou a Avenida Paulista e ecoou nas ruas do Brasil. O que há de tão ameaçador
nestes 20 centavos, a ponto de fazer com que governos da democracia
protagonizem cenas da ditadura, é talvez algo que se acreditava morto por aqui:
utopia. A notícia perigosa anunciada pelas ruas, a novidade que o Estado tentou
esmagar com os cascos dos cavalos da polícia paulista, é que, enfim, estamos
vivos”. Eliane Brum. Leia na íntegra
Quanto valem 30
partidos? “Ninguém mais se sente representado politicamente,
assim como nossos supostos representantes não se importam mais em representar
ninguém. Há um enorme abismo entre nós e o poder que devia agir em nosso nome,
um desinteresse em nos representar. O processo eleitoral não tem nada a ver com
a representação que devia ocorrer depois dele. Os eleitos só pensam em
continuar eleitos e em proteger a instituição a que pertencem, para que ela
exista para sempre, com eles dentro. Os acordos partidários, as manobras de
sobrevivência, os interesses pessoais e, às vezes, as vantagens pecuniárias,
são fatores hegemônicos na atividade do representante.
Outro dia, o ex-presidente Lula disse que às
vezes, tenho a impressão de que partido é um negócio... Como podemos nos
identificar com eles? Então vamos às ruas para nos representar a nós mesmos,
nem sempre sabendo bem para que”. Cacá Diegues. Leia na íntegra
Quanto valem trinta fraudes? “Nós temos partidos de mentirinha. Nós não nos
identificamos com os partidos que nos representam no Congresso, a não ser em
casos excepcionais. Eu diria que o grosso dos brasileiros não vê consistência
ideológica e programática em nenhum dos partidos. E nem pouco seus partidos e
os seus líderes partidários têm interesse em ter consistência programática ou
ideológica. Querem o poder pelo poder." Joaquim Barbosa – Leia na íntegra
Quanto vale o “principio
ativo” da ética? “Tipo o Santo Graal; tipo
o sentimento da mãe que perdeu o filho em um assalto na porta de casa em troca
de um simples celular; tipo o tetragrama YHWH – o impronunciável nome de Deus; tipo
o pai que perdeu a filha queimada viva em um consultório dentário; tipo eu te
amo; tipo o gozo pelo vandalismo; tipo o vem pra rua; tipo a escalada de banalização
da Vida... nada disso pode ser mensurável, nada disso tem um preço. Não custa centavos
de dinheiro ou milhões de moedas, pois é um princípio ativo, uma função pré-programada
no DNA metafísico das humanas criaturas que dispara nos momentos certos dessa
nossa Caminhada e de acordo com a ética de cada um. Cacau Quil.
Até agora não pingou um centavo de dinheiro federal,
estadual e municipal para ajudar a Jornada Mundial da Juventude. Ancelmo Gois O Globo 14.06
Tem que pingar não! O próprio estatuto do evento, em
seu “REGIME DE INSCRIÇÕES E CONTRIBUIÇÕES”, declara: “A principal fonte de financiamento das despesas geradas pela JMJ são as
contribuições que os participantes/peregrinos fazem à organização para custear
suas próprias despesas. Além disso, as empresas patrocinadoras da JMJ
colaboram, com dinheiro em espécie, com esta iniciativa de âmbito mundial, como
manifestação de sua responsabilidade social corporativa e, eventualmente, em
troca de certa visibilidade nos atos, cartazes e publicações”. Leia na íntegra.
Imagina se para cada evento religioso no Brasil - dito
laico - o governo fosse entrar com grana, só o estado da Bahia quebraria os
cofres da Nação. Já nos bastam as gastanças das festas com o futebol e a carga
tributária nossa de cada dia, pingando em nossos orçamentos domésticos. Quem
resolver realizar festas, que arrume dinheiro com seus devotos e compre sua
própria pinga.
Nota de rodapé:
A roupa que o Papa Francisco vai usar durante a missa na Basílica de
Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, no dia 24 de julho, começou a
ganhar forma. O tecido foi cortado e os bordados começaram a ser feitos em uma fábrica
na região Noroeste do Espírito Santo, nesta quarta-feira (19). Leia
Pelo menos, no que diz respeito a localização da
fábrica para confecção da santa roupa, a Igreja está sendo coerente.
Segundo O Estado de São Paulo, numa cruzada para
expandir a exposição do trabalho dos parlamentares pelo País, especialmente nos
seus Estados, o presidente do Senado, Renan Calheiros acelerou o ritmo de implantação de veículos
oficiais de comunicação da Casa.
Ao custo de mais de R$ 15 milhões somente neste ano,
Renan quer montar uma máquina de comunicação com o aumento da presença da TV e
da Rádio Senado. Essa operação ocorre no momento em que o presidente alardeia
que enxuga custos, com previsão de economia de R$ 316 milhões em dois anos. A
previsão é que, com a compra de equipamentos para a instalação de novos canais
de televisão em 10 capitais, todos dotados de tecnologia digital, o Senado
gaste R$ 12,7 milhões em 2013. A Casa também custeará, por mais de R$ 2,5
milhões até o final do ano, a aquisição de transmissores de rádio em nove
Estados. Nos dois casos, o Senado terá de firmar parcerias com órgãos públicos
locais para veicular a sua programação. Leia
Em sua crônica “Fora do Ar” – leia –
Nelson nos lembra: Sonho de Zé Dirceu e
criação de Franklin Martins, abençoada e bancada por Lula (“Vai ser uma BBC”,
bravateou), depois de cinco anos de atividade não se pode comentar a qualidade
da programação da TV Brasil, porque ninguém a vê. Em abril a audiência média
semanal em São Paulo foi de 0,1%, que corresponde a cerca de 600 domicílios. A
sua maior audiência na primeira semana foi… o horário eleitoral gratuito: 3 mil
residências.
Em um catastrófico exemplo de falta de
planejamento, montaram estúdios, contrataram muita gente, compraram programas
no Brasil e no exterior, produziram telejornais e programas de entrevistas, mas
esqueceram o principal, o básico, o fundamental: som e imagem. A da TV Brasil é
tão ruim, tão borrada e indefinida, que ninguém a veria mesmo com a melhor
programação do mundo... Outros a ambicionavam como uma rede de televisão a
serviço do partido no poder. Cinco anos depois, nem uma coisa nem outra: a TV
Brasil está praticamente fora do ar e uma montanha de dinheiro foi pelos ares.
E mais uma vez lá vai o dinheiro, meu, seu nosso, ralo
abaixo. Pode ser até que dessa vez melhorem a qualidade da imagem, mas o conteúdo
continuará ___________(*), pois é assim que tem sido o conteúdo do
Congresso nos últimos tempos... e bota últimos nisso.
(*) Abaixo, algumas
dicas do Aurélio, para “borrado”. Escolha o verbo que melhor lhe agradar; com
ele preencha a lacuna acima, completando assim a frase do texto. É o Q&M
interativo.
1.sujo;
2.enodoado;
3.defecado;
4.cagado.
Eu escolheria a opção 3 ou mesmo a 4, porém, como esse
espaço é democrático, longe de mim influenciar essa decisão... e vai que você
tenha outros qualificativos melhores.
Qual terráqueos tentando estabelecer contato com
marcianos na chegada ao Planeta Vermelho, os governantes brasileiros buscam
entendimento com os manifestantes em protestos nos quatro cantos do País:
“Levem-nos a seu líder!”
Vão aos poucos descobrindo que, também fora dos
palácios de governo e casas legislativas, o povo não tem - nem quer - alguém
que o represente. Como poderia ter líder um protesto contra justamente a
autoridade dos líderes de tudo-isso-que-aí-está? Liderança virou estigma
substantivo de homem público comprometido com o modelo falido da política que
se combate nas ruas. A garotada tem verdadeiro horror a líderes!
Vai chegar uma hora que ninguém – afora o Felipão na
Seleção e o Luciano Huck no Twitter – vai querer ser líder de nada, nem de
banda de rock ou pesquisa de opinião.
Caminhando e cantando e seguindo a
canção: O jingle da Fiat para a campanha
da Copa das Confederações – “Vem pra rua porque a rua é a maior arquibancada do
Brasil” – ganhou na voz inflamada do cantor Falcão, do grupo Rappa, força mobilizadora
comparável à do manifesto de Geraldo Vandré em “Para não dizer que não falei de
flores” no final dos anos 1960... Já circulam no YouTube vídeos montados com
imagens da violência policial da semana passada na Avenida Paulista sobrepostas
ao hino involuntário de resistência que o movimento civil pegou emprestado da
propaganda na TV... A musiquinha já estava no ar há algum tempo quando deu-se o
que nenhum publicitário poderia imaginar: a motivação ufanista do jingle virou
trilha sonora da rebeldia.
Vai entender o Brasil, né não? Tutty Vasques
Pra não dizer que não falei das
louras: Médicos brasileiros procuram
voluntários para uma pesquisa sobre benefícios da cerveja ao coração, na
prevenção de infarto e aterosclerose. Não será, decerto, por falta de cobaias
que a experiência não atingirá seus objetivos. Capaz até de já ter mais
inscritos que o Enem! Tutty
Vasques
Mas esse mote não é brincadeira não: “Lina Badimón, diretora do Centro de Pesquisa
Cardiovascular de Barcelona, veio ao Brasil pela primeira vez para participar
do 34º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, onde
apresentou o estudo realizado publicado no ano passado sobre os efeitos
protetores da cerveja no sistema cardiovascular. O estudo mostrou que o consumo
moderado de cerveja é capaz de reduzir a cicatriz no coração provocada por um
infarto agudo do miocárdio. Em entrevista ao GLOBO, Lina explicou que até as
versões sem álcool causam os benefícios ao coração”. Reproduzimos abaixo um
trecho da entrevista:
O GLOBO: A senhora acha que, num futuro próximo, uma vez que se consiga identificar as exatas substâncias da cerveja que causam os benefícios à saúde, ela pode ser transformada em uma pílula, por exemplo?
Lina Badimón: Esta
não é uma meta para nosso estudo, mas é algo que pode ser extraído dele. A
informação disponível até agora não é lá muito boa. Quando as vitaminas E ou C
são ingeridas em comprimidos, elas não têm o mesmo efeito quando se come um
alimento rico nestas vitaminas. Há uma discrepância entre ingerir um alimento
rico em antioxidantes para ter os efeitos da substância e tomar uma pílula. Vemos
então que existe uma transição (entre a composição natural e a forma em pílula)
que ainda não sabemos como lidar. Leia na íntegra
Resumindo: continue bebendo sua cervejinha nas
embalagens originais, até porque não sei como seria entrar em uma farmácia – ou
seria um posto de saúde? – e pedir um comprimido de chope brahma, bem gelado...
e com três dedos de colarinho, conforme estabelece a regra.
Nota de rodapé:
William Bonner virou uma espécie de Fátima Bernardes da Patrícia Poeta! Deixou
a colega de bancada do ‘Jornal Nacional’ sozinha na apresentação dos protestos
desta segunda-feira em todo o País e foi cobrir a Copa das Confederações em
Fortaleza. Tutty
Vasques