*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

quinta-feira, 20 de junho de 2013


“Acho que quem quiser tirar proveito disso já perdeu. Não é um momento político, é social. Quem pensar que vai dirigir essas camadas não vai.”
Fernando Henrique Cardoso, sobre as possíveis explorações políticas das manifestações.

Quanto valem 20 centavos? “Vinte centavos não são vinte centavos. Vinte centavos tornaram-se ao mesmo tempo estopim e símbolo de um movimento tão grávido de possibilidades que foi reprimido a balas de borracha, a bombas de gás lacrimogêneo e também a golpes de caneta. O que começou com o aumento da passagem do ônibus, se alargou, se metamorfoseou e virou um grito coletivo que tomou a Avenida Paulista e ecoou nas ruas do Brasil. O que há de tão ameaçador nestes 20 centavos, a ponto de fazer com que governos da democracia protagonizem cenas da ditadura, é talvez algo que se acreditava morto por aqui: utopia. A notícia perigosa anunciada pelas ruas, a novidade que o Estado tentou esmagar com os cascos dos cavalos da polícia paulista, é que, enfim, estamos vivos”.  Eliane Brum. Leia na íntegra

Quanto valem 30 partidos? “Ninguém mais se sente representado politicamente, assim como nossos supostos representantes não se importam mais em representar ninguém. Há um enorme abismo entre nós e o poder que devia agir em nosso nome, um desinteresse em nos representar. O processo eleitoral não tem nada a ver com a representação que devia ocorrer depois dele. Os eleitos só pensam em continuar eleitos e em proteger a instituição a que pertencem, para que ela exista para sempre, com eles dentro. Os acordos partidários, as manobras de sobrevivência, os interesses pessoais e, às vezes, as vantagens pecuniárias, são fatores hegemônicos na atividade do representante. Outro dia, o ex-presidente Lula disse que às vezes, tenho a impressão de que partido é um negócio... Como podemos nos identificar com eles? Então vamos às ruas para nos representar a nós mesmos, nem sempre sabendo bem para que”. Cacá Diegues. Leia na íntegra

Quanto valem trinta fraudes? “Nós temos partidos de mentirinha. Nós não nos identificamos com os partidos que nos representam no Congresso, a não ser em casos excepcionais. Eu diria que o grosso dos brasileiros não vê consistência ideológica e programática em nenhum dos partidos. E nem pouco seus partidos e os seus líderes partidários têm interesse em ter consistência programática ou ideológica. Querem o poder pelo poder." Joaquim Barbosa Leia na íntegra

Quanto vale o “principio ativo” da ética? “Tipo o Santo Graal; tipo o sentimento da mãe que perdeu o filho em um assalto na porta de casa em troca de um simples celular; tipo o tetragrama YHWH – o impronunciável nome de Deus; tipo o pai que perdeu a filha queimada viva em um consultório dentário; tipo eu te amo; tipo o gozo pelo vandalismo; tipo o vem pra rua; tipo a escalada de banalização da Vida... nada disso pode ser mensurável, nada disso tem um preço. Não custa centavos de dinheiro ou milhões de moedas, pois é um princípio ativo, uma função pré-programada no DNA metafísico das humanas criaturas que dispara nos momentos certos dessa nossa Caminhada e de acordo com a ética de cada um. Cacau Quil

Até agora não pingou um centavo de dinheiro federal, estadual e municipal para ajudar a Jornada Mundial da Juventude. Ancelmo Gois O Globo 14.06

Tem que pingar não! O próprio estatuto do evento, em seu “REGIME DE INSCRIÇÕES E CONTRIBUIÇÕES”, declara: “A principal fonte de financiamento das despesas geradas pela JMJ são as contribuições que os participantes/peregrinos fazem à organização para custear suas próprias despesas. Além disso, as empresas patrocinadoras da JMJ colaboram, com dinheiro em espécie, com esta iniciativa de âmbito mundial, como manifestação de sua responsabilidade social corporativa e, eventualmente, em troca de certa visibilidade nos atos, cartazes e publicações”. Leia na íntegra.

Imagina se para cada evento religioso no Brasil - dito laico - o governo fosse entrar com grana, só o estado da Bahia quebraria os cofres da Nação. Já nos bastam as gastanças das festas com o futebol e a carga tributária nossa de cada dia, pingando em nossos orçamentos domésticos. Quem resolver realizar festas, que arrume dinheiro com seus devotos e compre sua própria pinga.

Nota de rodapé: A roupa que o Papa Francisco vai usar durante a missa na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, no dia 24 de julho, começou a ganhar forma. O tecido foi cortado e os bordados começaram a ser feitos em uma fábrica na região Noroeste do Espírito Santo, nesta quarta-feira (19). Leia

Pelo menos, no que diz respeito a localização da fábrica para confecção da santa roupa, a Igreja está sendo coerente.

Segundo O Estado de São Paulo, numa cruzada para expandir a exposição do trabalho dos parlamentares pelo País, especialmente nos seus Estados, o presidente do Senado, Renan Calheiros  acelerou o ritmo de implantação de veículos oficiais de comunicação da Casa.

Ao custo de mais de R$ 15 milhões somente neste ano, Renan quer montar uma máquina de comunicação com o aumento da presença da TV e da Rádio Senado. Essa operação ocorre no momento em que o presidente alardeia que enxuga custos, com previsão de economia de R$ 316 milhões em dois anos. A previsão é que, com a compra de equipamentos para a instalação de novos canais de televisão em 10 capitais, todos dotados de tecnologia digital, o Senado gaste R$ 12,7 milhões em 2013. A Casa também custeará, por mais de R$ 2,5 milhões até o final do ano, a aquisição de transmissores de rádio em nove Estados. Nos dois casos, o Senado terá de firmar parcerias com órgãos públicos locais para veicular a sua programação. Leia

Em sua crônica “Fora do Ar” – leia – Nelson nos lembra: Sonho de Zé Dirceu e criação de Franklin Martins, abençoada e bancada por Lula (“Vai ser uma BBC”, bravateou), depois de cinco anos de atividade não se pode comentar a qualidade da programação da TV Brasil, porque ninguém a vê. Em abril a audiência média semanal em São Paulo foi de 0,1%, que corresponde a cerca de 600 domicílios. A sua maior audiência na primeira semana foi… o horário eleitoral gratuito: 3 mil residências.

Em um catastrófico exemplo de falta de planejamento, montaram estúdios, contrataram muita gente, compraram programas no Brasil e no exterior, produziram telejornais e programas de entrevistas, mas esqueceram o principal, o básico, o fundamental: som e imagem. A da TV Brasil é tão ruim, tão borrada e indefinida, que ninguém a veria mesmo com a melhor programação do mundo... Outros a ambicionavam como uma rede de televisão a serviço do partido no poder. Cinco anos depois, nem uma coisa nem outra: a TV Brasil está praticamente fora do ar e uma montanha de dinheiro foi pelos ares.

E mais uma vez lá vai o dinheiro, meu, seu nosso, ralo abaixo. Pode ser até que dessa vez melhorem a qualidade da imagem, mas o conteúdo continuará ___________(*), pois é assim que tem sido o conteúdo do Congresso nos últimos tempos... e bota últimos nisso.

(*) Abaixo, algumas dicas do Aurélio, para “borrado”. Escolha o verbo que melhor lhe agradar; com ele preencha a lacuna acima, completando assim a frase do texto. É o Q&M interativo.
1.sujo;
2.enodoado;
3.defecado;
4.cagado.

Eu escolheria a opção 3 ou mesmo a 4, porém, como esse espaço é democrático, longe de mim influenciar essa decisão... e vai que você tenha outros qualificativos melhores.

Qual terráqueos tentando estabelecer contato com marcianos na chegada ao Planeta Vermelho, os governantes brasileiros buscam entendimento com os manifestantes em protestos nos quatro cantos do País: “Levem-nos a seu líder!”

Vão aos poucos descobrindo que, também fora dos palácios de governo e casas legislativas, o povo não tem - nem quer - alguém que o represente. Como poderia ter líder um protesto contra justamente a autoridade dos líderes de tudo-isso-que-aí-está? Liderança virou estigma substantivo de homem público comprometido com o modelo falido da política que se combate nas ruas. A garotada tem verdadeiro horror a líderes!

Vai chegar uma hora que ninguém – afora o Felipão na Seleção e o Luciano Huck no Twitter – vai querer ser líder de nada, nem de banda de rock ou pesquisa de opinião.

Caminhando e cantando e seguindo a canção: O jingle da Fiat para a campanha da Copa das Confederações – “Vem pra rua porque a rua é a maior arquibancada do Brasil” – ganhou na voz inflamada do cantor Falcão, do grupo Rappa, força mobilizadora comparável à do manifesto de Geraldo Vandré em “Para não dizer que não falei de flores” no final dos anos 1960... Já circulam no YouTube vídeos montados com imagens da violência policial da semana passada na Avenida Paulista sobrepostas ao hino involuntário de resistência que o movimento civil pegou emprestado da propaganda na TV... A musiquinha já estava no ar há algum tempo quando deu-se o que nenhum publicitário poderia imaginar: a motivação ufanista do jingle virou trilha sonora da rebeldia.
Vai entender o Brasil, né não? Tutty Vasques

O Q&M foi às ruas buscar o vídeo pra você. Assista-o aqui

Pra não dizer que não falei das louras: Médicos brasileiros procuram voluntários para uma pesquisa sobre benefícios da cerveja ao coração, na prevenção de infarto e aterosclerose. Não será, decerto, por falta de cobaias que a experiência não atingirá seus objetivos. Capaz até de já ter mais inscritos que o Enem! Tutty Vasques

Mas esse mote não é brincadeira não: “Lina Badimón, diretora do Centro de Pesquisa Cardiovascular de Barcelona, veio ao Brasil pela primeira vez para participar do 34º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, onde apresentou o estudo realizado publicado no ano passado sobre os efeitos protetores da cerveja no sistema cardiovascular. O estudo mostrou que o consumo moderado de cerveja é capaz de reduzir a cicatriz no coração provocada por um infarto agudo do miocárdio. Em entrevista ao GLOBO, Lina explicou que até as versões sem álcool causam os benefícios ao coração”. Reproduzimos abaixo um trecho da entrevista:

O GLOBO: A senhora acha que, num futuro próximo, uma vez que se consiga identificar as exatas substâncias da cerveja que causam os benefícios à saúde, ela pode ser transformada em uma pílula, por exemplo?
Lina Badimón: Esta não é uma meta para nosso estudo, mas é algo que pode ser extraído dele. A informação disponível até agora não é lá muito boa. Quando as vitaminas E ou C são ingeridas em comprimidos, elas não têm o mesmo efeito quando se come um alimento rico nestas vitaminas. Há uma discrepância entre ingerir um alimento rico em antioxidantes para ter os efeitos da substância e tomar uma pílula. Vemos então que existe uma transição (entre a composição natural e a forma em pílula) que ainda não sabemos como lidar. Leia na íntegra

Resumindo: continue bebendo sua cervejinha nas embalagens originais, até porque não sei como seria entrar  em uma farmácia – ou seria um posto de saúde? – e pedir um comprimido de chope brahma, bem gelado... e com três dedos de colarinho, conforme estabelece a regra. 

Nota de rodapé: William Bonner virou uma espécie de Fátima Bernardes da Patrícia Poeta! Deixou a colega de bancada do ‘Jornal Nacional’ sozinha na apresentação dos protestos desta segunda-feira em todo o País e foi cobrir a Copa das Confederações em Fortaleza. Tutty Vasques