“O governo Dilma e os partidos que o sustentam, sobretudo
o PT e o PMDB, vão pagar a conta do escândalo Petrobras. Mas analistas
políticos avaliam que os desdobramentos da Operação Lava-Jato serão mais
amplos. As empreiteiras financiaram cerca de 200 deputados eleitos de 23
partidos. No Brasil, as grandes empresas doam para candidatos de todas as
legendas, e dinheiro não tem carimbo. Não há quem possa dizer que “a minha
doação é honesta e a do meu adversário é fruto de roubo”. O financiamento
eleitoral está nu. Sai fortalecida a posição, de seis ministros do STF, que
declara inconstitucional o financiamento eleitoral pelas empresas. A reforma do
processo político virou uma necessidade urgente.” Ilimar
Franco/O Globo
De surpreendente, de espantosamente surpreendente, de favoravelmente
surpreendente, o país assiste desde o início desta manhã [14] à prisão de
executivos de grandes empreiteiras suspeitos de terem corrompido ou se deixado
corromper no caso do escândalo do desvio de mais de R$ 50 bilhões da Petrobras.
Passe os olhos sobre a nomenclatura das empreiteiras: Galvão Engenharia, Mendes
Junior, Queiroz Galvão, Iesa, Iesa Oleo e Gás, Engevix, UTC, Constran, OAS,
Odebrecht e Camargo Corrêa. O número de empreiteiras investigadas chega a 15,
segundo a Polícia Federal. Mas, por ora, só há provas robustas contra nove...
Um dia desses, li no jornal O Estado de S. Paulo entrevista
concedida por Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, indicado pelo
PT. Duque jurou que a Petrobras está limpa. Foi preso hoje. É isso, pelo menos
até agora, o que tem de diferente o escândalo que ameaça afogar a Petrobras no
mar de lama que corre por lá desde o início do primeiro governo Lula. Ou mesmo
desde antes. Dessa vez, tudo indica que não sobrará apenas para arraia miúda –
embora seja difícil encontrar alguém miúdo quando se fala da Petrobras.
lDe curioso: o ministro
da Justiça ordenou, ontem, que a Polícia Federal investigue quatro dos seus
delegados que postaram elogios a Aécio Neves em um endereço fechado no
Facebook. São delegados que comandam a devassa na Petrobras. O que uma coisa
tem a ver com a outra? Nada. O ministro quis lançar suspeição sobre os
delegados. Foi isso.
lMenos de um dia depois,
a Polícia Federal prende e acontece. Registre-se: ela não retaliou o ministro.
Apenas cumpriu ordens da Justiça que amadureceram nas últimas semanas. De todo
modo, o ministro poderia ter passado sem essa. Um delegado como qualquer
cidadão pode manifestar opiniões políticas. Ricardo Noblat/O
Globo CONFIRA
O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque foi
preso pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (14) durante nova fase da
Operação Lava Jato, que investiga crimes de lavagem e desvio de dinheiro
envolvendo a estatal. Duque é apontado por procuradores e policiais como o
principal operador do PT nos desvios da Petrobras. Segundo o ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa, a diretoria de Duque repassava 3% dos contratos
que assinava para o PT. A diretoria de serviços cuidava dos projetos de
engenharia e das licitações de obras que foram superfaturadas, segundo o
Tribunal de Contas da União, como a refinaria Abreu e Lima e o Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro. Indicado ao cargo pelo então ministro Chefe da
Casa Civil, José Dirceu, ele ocupou a diretoria de serviços da Petrobras entre
2003 e 2012. CONFIRA
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), é
investigada por suspeita de receber propina para que o governo do estado
antecipasse o pagamento de um precatório de R$ 120 milhões às construtoras
UTC/Constran. O acordo teria sido intermediado pelo doleiro Alberto Youssef e
foi descoberto no âmbito da Operação Lava-Jato. Pela suspeita de envolvimento
da governadora, o caso foi apartado do processo e remetido ao Superior Tribunal
de Justiça (STJ), em função de seu foro privilegiado. Na sexta-feira, o governo
do Maranhão negou que Roseane conhecesse ou tivesse estado com Youssef. CONFIRA
Se o país foi sacudido ontem por mais uma ação, a sétima,
da Operação Lava-Jato, a diretoria da Petrobras ficou estarrecida com a prisão,
nessa mesma investigação, de Renato Duque, um dos ex-diretores da empresa. Também
causou surpresa a prisão de executivos das empreiteiras que prestam serviços à
empresa. Comenta-se, ironicamente, em Brasília, que a Polícia Federal até que
foi generosa em prendê-los só depois das eleições. Do contrário, não haveria
quem pudesse assinar os cheques de doações aos candidatos de 2014.
A ação da PF reforçou ainda mais a tese dos que acham
prematuro discutir as eleições, em fevereiro, das presidências da Câmara e do
Senado, pois muitos dos seus postulantes poderão ser abatidos pela operação.
Sabe-se lá, no caso do PMDB, que tem o comando das duas, se o Fernando Baiano,
operador do partido, resolve abrir a boca na delação premiada. Aí não ficaria
pedra sobre pedra. Jorge Bastos
Moreno/O Globo 15/11
As nove empreiteiras alvos da Operação Lava-Jato possuem
tentáculos por diversos setores da economia, e não apenas no de petróleo.
Juntas, registraram faturamento de R$ 33 bilhões em 2013, segundo ranking da
revista “O Empreiteiro”. Quase a metade desse montante está relacionado a
contratos públicos. Este ano, elas contribuíram com ao menos R$ 218 milhões
para candidatos e comitês eleitorais. As doações podem ser ainda maiores,
porque os dados finais da campanha eleitoral só serão fechados no fim do mês,
quando os partidos enviarem as prestações de contas dos candidatos que
disputaram o segundo turno das eleições. CONFIRA
A Polícia Federal descobriu novos indícios de que o
esquema de propinas na Petrobras serviu para alimentar o caixa do PT. Relatório
da PF, ao qual O GLOBO teve acesso, aponta que uma das pessoas utilizadas para
receber os recursos em nome do partido era Marice Correa Lima, cunhada do
tesoureiro da legenda, João Vaccari. Ela é suspeita de ter recebido pelo menos
R$ 110 mil do doleiro Alberto Youssef. O recurso teria sido proveniente da
Construtora OAS e teria sido entregue na casa dela em 3 de dezembro do ano
passado.
O nome de Marice não é desconhecido das investigações da PF.
Ele apareceu durante o escândalo do mensalão. Diz o trecho do relatório da PF:
“Marice Correa Lima é figura conhecida na época do mensalão, coordenadora
administrativa do PT, que, na época, teria efetuado um pagamento de um milhão,
em espécie, à Coteminas. Interessante ainda destacar aqui que Marice de Lima é
cunhada do atual tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Observa-se portanto que a
mesma continua atuando na movimentação de valores, ao que tudo indica para o
Partido dos Trabalhadores, ao qual aparece vinculada”, diz um trecho do
relatório da PF. Procurados, Vaccari e o PT não quiseram se manifestar. CONFIRA
Setor elétrico está na mira da Operação Lava-Jato - Nos
depoimentos da Operação Lava-Jato, que investiga roubalheira na Petrobras, os
inquisidores sempre perguntam sobre eventuais esquemas de propinas também no
setor elétrico. Uma das indagações é a respeito da Usina Hidrelétrica de Belo
Monte, em construção(*).
Operações financeiras dos grupos investigados na Operação
Lava-Jato: R$ 10 bilhões;
Bloqueio em bens pertencentes a 36 investigados pela
operação: R$ 720 milhões;
Prisão de empreiteiros envolvidos no escândalo: Não tem
preço!(*)
(*)Ancelmo Gois/O Globo 16/11
As empresas da Lava-Jato têm intrincadas relações com o
governo federal. Elas têm financiamentos do BNDES e atuam nas principais
obras do PAC. A Hidrelétrica de Belo Monte conta com participação de Odebrecht
e Camargo Corrêa. Na usina Angra 3, atuam as duas e ainda Queiroz Galvão e
UTC. Camargo Corrêa e Queiroz Galvão estão à frente do trecho Sul da ferrovia
Norte-Sul. Engevix é subsidiária de um grupo que investe no aeroporto de
Brasília. UTC faz parte do consórcio concessionário do aeroporto de Viracopos,
em Campinas. A Galvão venceu, em maio deste ano, licitação para duplicar a
BR-153 entre Goiás e Tocantins. OAS também participou de leilões de rodovias,
levando a 3R-040, que vai de Brasília a Juiz ie Fora. Mendes Júnior realizou is
obras do porto do Recife e atua 10 de Maceió. lesa é a única que e concentra no
setor de petróleo... nO Globo 16/11
èIsso,
porque a turma tá esquecendo os “investimos” do Brasil em Cuba, Venezuela e o
escambau à quatro... coisa duns US$ 7,8 bi de financiamento - eia-se BNDES - nos
últimos sete anos CONFIRA
Nota de rodapé: De um criminalista do primeiro
time, diante do escopo da nova leva de prisões e apreensões da Operação
Lava-Jato: “Não vai sobrar advogado sem cliente”. Jorge
Bastos Moreno/O Globo 15/11
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito.
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta...
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito.
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta...
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa...
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa...
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta...
De que adianta ter boa vontade...
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta...
De que adianta ter boa vontade...
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo... e
Me embriagar até que alguém me esqueça.
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo... e
Me embriagar até que alguém me esqueça.
Colagem sobre versos da música “Cale-se”
de Chico Buarque / Gilberto Gil
Na boca do gol -
Circula no Planalto a informação de que mais de 30 parlamentares estão diretamente
envolvidos no escândalo da Petrobras. Os nomes são mantidos a sete chaves pelo
relator do processo, Teori Zavascki. O governo trabalha com a hipótese de os
envolvidos serem expostos à opinião pública antes do fim do ano. O ambiente é
de muita apreensão na Esplanada. Ilimar Franco/O
Globo 16/11
A mão que balança o
berço!