*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

# ESPECIAL - Nada vale a pena quando a gerência é pequena*

Como os governos brasileiros se comportam com as crianças?
-Com descaso. Boa parte delas não tem acesso a pediatra no Brasil. O pediatra pode antecipar problemas que seus filhos podem ter, mas os gestores públicos acham que para atender criança qualquer profissional serve. No SUS, elas acabam sendo vistas por médicos generalistas ou enfermeiras que pesam e medem, mas não sabem examinar nem identificar questões de desenvolvimento, como déficit do crescimento e distúrbio de aprendizado. Depois essas crianças têm sequelas que não se consegue corrigir. Quando entram na pré-escola seu cérebro já perdeu a melhor oportunidade da vida. Têm dificuldade de aprender, o que gera abandono escolar, desemprego. O Nobel de Economia James Heckman disse que cada dólar investido na primeira infância (até 6 anos) dá um retorno de 17 dólares para a sociedade.
O serviço privado também enfrenta problemas, não?
-Os pronto-socorros infantis privados também estão lotados. Os hospitais estão fechando leitos de pediatria porque atender criança não dá lucro. As crianças fazem poucos exames e procedimentos, que é onde os hospitais mais ganham. E como as operadoras de saúde pagam muito mal, tem havido muito descredenciamento de pediatras dos planos. Elas deveriam remunerar o atendimento da criança de maneira diferenciada. Na nossa profissão, com pequenas ações, sem muitas tecnologias, podemos mudar o curso de uma vida. Trechos da entrevista com o pediatra Eduardo Vaz para Mauro Ventura/Revista O GloboLeia na íntegra

Aliás e a propósito: “No ano passado, com a ajuda do infatigável Eduardo Cunha, a Câmara dos Deputados aprovou uma medida provisória com 523 contrabandos. Um deles praticamente anistiava as operadoras de planos de saúde do pagamento das multas cobradas pela agencia reguladora do mercado. A gracinha estabelecia um sistema pelo qual quem mais delinquisse menos pagaria. Pela legislação, cada procedimento médico negado custa uma multa de R$ 80 mil. Se uma empresa negasse apenas um procedimento, pagaria isso. Se outra lesasse cem clientes, em vez de pagar R$ 8 milhões, pagaria R$ 320 mil. O contrabando foi vetado pela doutora Dilma.

O veto não foi suficiente para acalmar os empresários. Afinal, eles investiram R$ 55 milhões nas campanhas eleitorais de 2014. Desde julho circulam notícias de que o governo vem sendo pressionado para abrandar a tabela de multas da Agencia Nacional de Saúde. As empresas devem algo como R$ 2 bilhões, resultantes de 50 mil multas. Ademais, são campeãs de reclamações da freguesia. Elas vão a cem mil por ano...

Antes da operação Lava-Jato, as grandes empreiteiras achavam que resolviam licitações e aditamentos com pixulecos no escurinho do cinema. Deu no que deu. As operadoras de planos de saúde acham que não precisam mudar de modos. Dará no que dará”. Trechos da crônica “Nova macumba dos planos de saúde, por Elio Gaspari/O Globo” - Leia na íntegra

*Parodiando Fernando Pessoa