*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Pedra no caminho

O país vive a pior recessão em 25 anos. Antes disso, só a de 1990, quando o governo Collor congelou saldos em contas-correntes e aplicações. Mesmo assim, a inflação até setembro chegou a 7,64% e se aproxima de 10% em 12 meses. A inflação é um dos principais entraves à recuperação. Há nove semanas sobem as projeções de 2016, e agora se teme novo estouro do teto da meta. É difícil reduzir os juros...

A alta dos preços, mesmo em um período de recessão, é uma enorme trava para que o país se recupere. Isso diferencia o Brasil de outros países da América Latina. Chile, Colômbia, Peru e México também estão sentindo os efeitos da alta do dólar e da queda dos preços das commodities. Mas, nesses países, os índices de preços não estão tão altos como aqui, e por isso esses governos têm maior capacidade para assimilar esses dois choques, tanto o cambial quanto o do comércio externo.

Uma parte da disparada inflacionária deste ano no Brasil vem do tarifaço da energia elétrica. O governo reduziu tarifas e segurou os preços mesmo com o esvaziamento dos reservatórios de água das hidrelétricas, que garantem a energia barata. Este ano, houve a correção que todos os brasileiros estão sentindo nas contas. Pelo número divulgado pelo IBGE, a energia já subiu 47% até setembro e 52% nos últimos 12 meses...

O principal problema foi a negligência com a inflação no primeiro mandato da presidente Dilma, tanto por parte do Ministério da Fazenda, que sempre considerou que um pouco mais de inflação não faria mal, quanto por parte do Banco Central, que aceitou por tempo demais a inflação em torno do teto da meta...

A inflação alta demais impede a queda dos juros, tira renda das famílias, inibe investimentos e encurta a previsibilidade da economia. Também deixa o país muito sensível à alta do dólar. Enquanto esse problema não for superado, será difícil pensar em uma recuperação sustentável do crescimento. Míriam Leitão/O Globo - Leia na íntegra