Em entrevista ao
GLOBO, por e-mail, da França, a francesa Sophie Kasiki, autora de “Nas sombras
do Estado Islâmico” (Editora BestSeller), explica o que a levou a trocar Paris
pela Síria, e revela: “Vi muito claramente a hipocrisia desses estranhos que
dizem que vão ajudar os seus irmãos.” Abaixo trechos desta entrevista:
Como vê o aumento de
ataques terroristas na França? É uma ameaça real?
As atrocidades repetidas em toda a França ou outros países
devem fazer os Estados se questionarem sobre como lutar contra o EI e seus
ideais. Vemos bem que essas ameaças são reais e terríveis, já que qualquer
desequilibrado alegando ser do Estado Islâmico é apoiado pelo grupo. E também
devemos lutar contra os problemas sociais nas comunidades imigrantes, contra o
racismo... para tentar evitar que aquelas pessoas que se sentem rejeitadas por
nossa sociedade encontrem nessas formas de extremismo as respostas para seus
males. [...].
Como você definiria a
vida na capital do EI? O que foi mais assustador em Raqqa?
Eu compararia com a ocupação do Reich na França durante a
Segunda Guerra Mundial (quando a França foi ocupada pela Alemanha nazista).
Estes (extremistas) islâmicos saqueiam, roubam, matam e impõem seus ideais
injustificáveis num país que não é deles. Muitas coisas são assustadoras em
Raqqa: os jihadistas estrangeiros fortemente
armados andando pelas ruas, o sentimento de medo que reina entre estranhos, e
as milícias que circulam para monitorar todo mundo. [...].
Que argumento deles
realmente a convenceu de que ir para Raqqa era uma boa ideia? Qualquer um pode
ser atraído pela propagando do EI?
Com os jovens, troquei mensagens sobre o que eles viam nos
hospitais de Raqqa. E meu desejo eterno de ajudar aqueles que mais precisam me
levou até lá. O EI utiliza os mesmos métodos de
doutrinação usados pela maioria dos cultos. Infelizmente, de muitas
outras formas. Leia
na íntegra
Comentário de
rodapé: Toda a entrevista é impactante, mas as duas frases - em destaque – foram as que mais me chamaram
a atenção, pois, involuntariamente - e respeitando as devidas “ideologias” -, parecem
descrever o atual cenário da violência que, atualmente, se espalha Brasil afora.
Substitua as palavras “jihadistas
estrangeiros” e “EI”, respectivamente, por “facções de
traficantes” e “Milícias”, que vai entender melhor.