Em placar 14 a 5, o relatório de Anastasia foi aprovado.
Por goleada, como tinha de ser.
Embora 14 senadores tenham votado sobriamente, atentei para
os outros cinco também.
Estava particularmente curioso com os outros cinco.
Quais argumentos eles suscitariam para embasar uma posição
tão absurda?
Vanessa Grazziotin citou em sua “justificativa” de
voto: o povo não sabe o que é “pedalada.
Não sabe?
Durante todo o processo de impeachment, os raros senadores
pró-Dilma tentaram vender as pedaladas fiscais como notas técnicas de rodapé,
minúcias ininteligíveis. Quantas voltas a cabeça dá, pois Grazziotin me fez
lembrar de seu extremo oposto: o brilhante Milton Friedman.
Certa vez, provocaram Friedman com o seguinte
questionamento: “Como você espera que os empresários atuem de acordo com
conceitos econômicos de Teoria da Firma cada vez mais complexos?”.
O Nobel de Economia respondeu: “Quem disse? Eu não espero
isso; nunca esperei”.
Empresários não precisam saber que maximizam lucros
igualando receita marginal a custo marginal.
Eles precisam apenas sentir o que sempre sentiram, e fazer o
que sempre fizeram.
Um jogador de bilhar não precisa saber o que é energia
cinética.
E uma árvore não precisa compreender a fotossíntese para
crescer mais galhos onde bate a luz.
Por corolário, o povo nem sequer precisaria saber o que é
pedalada.
Mesmo assim, o povo sabe. Postado no “Antagonista” – recebido,
por email, na quinta(4)