*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

“Acordo de paz com as Farc celebra a impunidade”, por Rodrigo Constantino

Logo após uma tempestade que deixou algumas ruas do centro histórico de Cartagena semi-alagadas, teve início às 17h (19h em Brasília) a cerimônia de assinatura do tratado de paz entre o governo colombiano e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
O local escolhido foi o centro de convenções da cidade, mas do lado de fora, aberto ao público. A praça diante do local estava tomada.
No palco, alguns dos mandatários latino-americanos convidados, entre eles Michelle Bachelet (Chile) e Nicolás Maduro (Venezuela) –ambos países observadores do processo–, Mauricio Macri (Argentina), Pedro Pablo Kuczynski (Peru), Rafael Correa (Equador), Enrique Peña Nieto (México) e Horacio Cartes (Paraguai), além do mandatário colombiano, Juan Manuel Santos, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e o líder das Farc, Rodrigo “Timochenko” Londoño. [...]. Em artigo publicado hoje na Folha, o chileno José Miguel Vivanco, diretor da ONG Humans Right Watch para as Américas, levantou questões importantes sobre a impunidade que esse acordo celebra:
Milhares de vítimas sofreram atrocidades sistemáticas nas mãos das Farc. As guerrilhas mataram e raptaram civis, foram responsáveis por desaparecimentos, promoveram violência sexual generalizada, usaram crianças como soldados e sujeitaram combatentes a tratamento cruel e desumano.
Pelo acordo, os combatentes das guerrilhas responsáveis por esses e outros abusos, incluindo crimes de guerra e contra a humanidade, conseguirão evitar a prisão. Aqueles que confessarem, imediata e integralmente, seus crimes terão restrições modestas e curtas a certos direitos, como o de livre circulação, e serão obrigados a trabalhar em projetos comunitários. […].
A experiência na Colômbia nos ensina que o ciclo de abuso e violência por todas as partes é perpetuado pela certeza da não punição. Com as deficiências do acordo, se mostra bastante evidente o risco da continuidade de violações aos direitos humanos em massa na Colômbia.

Não creio que se terroristas das Farc e ditadores como Raúl Castro e Nicolás Maduro estão festejando tanto esse acordo o lado decente, que respeita a vida humana, devesse celebrar em conjunto. Quando o diabo está feliz, é sinal de que há pouco para comemorar nesse pacto mefistofélico… Leia na íntegra