A
era PT acabou. Felizmente acabou a era do dilmês, este idioma estranho,
desprovido de sintaxe e semântica coerentes, que poucos entendiam (desconfio
que nem Dilma o entendia). O dilmês deu um rico material para os linguistas, os
quais tentarão, com extrema dificuldade, desvendá-lo.
A decadência não foi só política. O PT ajudou a destruir a
língua. Corroeu seu vocabulário e sua gramática. Palavras ou expressões como
“justiça social”, “igualdade”, “democracia”, “liberdade de imprensa” e, por
último, “golpe” tiveram seus significados totalmente destruídos pelo PT. Isso
me leva a perceber que a decadência política anda de mãos dadas com a
decadência cultural.
No histórico dia da queda do governo Dilma, senti meus
ouvidos doerem ao ouvir o senador petista Lindbergh falar “presidenta
inocenta”. Antes, no dia em que Dilma foi se defender diante do senado, suas
palavras só tiveram lógica enquanto lia o texto preparado pelos seus
assessores. Quando falou de improviso, logo veio aquela avalanche de frases sem
sentido, características do dilmês. A pior delas viralizou na internet: “Não é
30% dos recurso [sic] da exploração. É 30% de 25%, ou 30% de 30%. Portanto, não
é 30%, está entre sete e meio ou pouco mais, 12 e meio por cento”. Depois da
mandioca, da mulher sapiens, do vento estocado, da criança com o cachorro atrás,
veio mais esta pérola do dilmês, graças a Deus, a última grande pérola deste
insólito idioma.
Mas a destruição da língua não terminou aí. A coisa é muito
mais grave. O dia da votação do impeachment e seu resultado não foram um golpe.
O verdadeiro golpe foi do PT contra a língua portuguesa. O ministro do STF,
Lewandowski, também desconsiderou completamente a gramática. Dilma teve seu
mandato cassado, mas manteve seus direitos políticos. Contudo a Constituição
diz claramente, no artigo 52, que a pena do impedimento do mandato deve ocorrer
com a perda dos direitos políticos por 8 anos.
Não é necessário ser um sujeito muito erudito, basta ser
minimamente capaz de interpretar um texto para saber que a preposição com tem
um sentido muito diferente de ou. “X com Y” é completamente diferente de “X ou
Y”, até mesmo de “X e Y”. A pena do impeachment ocorre juntamente com a perda
dos direitos políticos. O texto deixa claro que as duas punições são
inseparáveis. Se o chefe de estado sofre impeachment, logo perde seus direitos
políticos. Basta saber o básico do básico de gramática, de interpretação de
texto e de lógica. Ou Lewandowski não sabe interpretar um texto, ou foi
desonesto ao permitir que Dilma perdesse o mandato, mas mantendo seus direitos
políticos. O senador Caiado lembrou uma coisa fundamental. E se Dilma tivesse
perdido os direitos políticos, mas mantido o cargo? Isso teria sentido?
Lewandowski demonstra ser um sujeito que domina – e muito
bem por sinal – o português, ao contrário de muitos políticos do PT. Isso me
leva a deduzir que ele foi sim deliberadamente desonesto, compactuando com o PT
e certos setores do PMDB. Lewandowski fez de tudo para ajudar Dilma como pôde,
e no fim permitiu que as leis fossem rasgadas e lançadas ao lixo. Lewandowski demostrou
sempre sua simpatia por Dilma, pois sempre a chamava de presidenta.
Percebeu-se muito bem que o PT dividiu a nação até mesmo na
questão linguística: quem falava a presidente claramente demonstrava que não
compactuava com o PT; quem preferia a forma a presidenta mostrava na flexão sua
simpatia pela Dilma e pelo dilmês.
A era PT foi, de seu início até seu último dia, um
verdadeiro golpe a nossa amada língua portuguesa. Data histórica: no dia 31 de
agosto de 2016 tivemos um golpe contra as leis, contra a gramática, contra a
lógica, contra a nação; enfim, foi um golpe contra a verdade. Por Antonio Pinho
mestre em Linguística e professor de Língua Portuguesa. CONFERE
LÁ – Enviado
Cacau Quil