*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

“Ilusão”

Dizem que futebol, política e religião não se discute. Na minha opinião é um conceito ilusório, por que todos nós discutimos futebol, política e religião, e a vida seria muito triste sem uma boa discussão entre amigos, de preferência numa mesa de bar... A ilusão substitui a realidade por um pensamento abstrato. Uma ideia que fica limitada pela imaginação definida por uma palavra antiga, do tempo das valsas de Carlos Galhardo, Francisco Alves, Orlando Silva e Sílvio Caldas: "Devaneio". [...].

A morte de Fidel Castro ressuscita uma ilusão coletiva de uma geração (ou duas gerações latino-americanas?). A minha, por exemplo. É inegável a sua projeção do falecido nos anos 1950/1960, pela coragem de enfrentar uma poderosa ditadura que paradoxalmente contava com o apoio da máfia ítalo-americana, do governo dos EUA e do movimento comunista internacional. Na época, Cuba era conhecida como "o cabaré das américas". Jogo, prostituição, lavagem de dinheiro, fábrica de documentação falsa e livre trânsito para toda espécie de narcótico eram a marca registrada de um regime corrupto.

Uma varredura sobre esse lixão de costumes e comportamentos seria aplaudida por todos os jovens sonhadores daquela época, tal e qual temos no Brasil de hoje a Lava Jato fazendo uma faxina para nos livrar dos bandidos que institucionalizaram a corrupção no País.
É uma pena que lá, na heroica Cuba de Jose Marti a revolução fidelista não tenha passado de uma grande ilusão, primeiro, por se despir do humanismo ao estabelecer o "paredón" e fuzilar a torto e direito, misturando mafiosos, capitalistas, políticos, religiosos e até homossexuais, somente por serem homossexuais.
E assistimos uma brutal agressão à liberdade, impondo uma ditadura que já dura 60 anos. Democracia lá é só um nome escrito nos muros. E, para dizer que não falei de flores, um mérito que a disciplina ditatorial estabeleceu: a educação e os serviços de saúde públicos de qualidade.
Se isto sobrepesar na biografia de Fidel, retiramos 25% dos terríveis males atribuídos a ele, supressão da liberdade, baixo padrão de vida, estado policialesco e atraso de 50 anos na economia e no avanço tecnológico da Ilha. Restam, assim, 75% de ilusão!

Recebido, por email do blog de Miranda Sá