Ao defender que Sérgio Moro e o
Ministério Público Federal se pronunciem sobre o projeto de abuso de
autoridade, Renan Calheiros sacou ontem da cartola o primeiro de uma série de
coelhos que surgirão daqui até o último dia do alagoano como presidente do
Senado. Vêm mais coelhos por aí.
O primeiro será para atacar. O
Judiciário e o Ministério Público serão alvo de projetos semelhantes ao do abuso
de autoridade, todos com o objetivo de mostrar que os políticos também têm
meios para causar dores de cabeça a juízes e procuradores.
A comissão de senadores anunciada
ontem para propor o fim dos supersalários nos Três Poderes foi outro exemplo.
Mas Renan também vai passar a
defender publicamente alguns pontos do grande acordo que vem tentando costurar
há alguns meses, que passa não só por anistia do caixa dois, mas principalmente
por o que ele chama de "moderação" das grandes investigações.
Segundo interlocutores do
presidente do Senado, Renan vai passar a defender que o Brasil não pode achar
que seu único problema é a corrupção.
Dirá que não adianta combater
corrupção e destruir as grandes empresas, convulsionar a classe política e
mergulhar o país mais e mais na crise.
Ou seja: mais uma vez, Renan será
Renan, o presidente do sindicato, que tira coelhos da cartola, faz mil e uma
pirotecnias e, entre um truque e outro, brilha no palco. A diferença é que cada
vez menos há quem esteja disposto a ser plateia de suas mágicas.
Por Guilherme Amado/Coluna Lauro Jardim/O Globo, nesta
sexta