*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

sábado, 12 de novembro de 2016

“Os últimos coelhos da cartola de Renan”

Ao defender que Sérgio Moro e o Ministério Público Federal se pronunciem sobre o projeto de abuso de autoridade, Renan Calheiros sacou ontem da cartola o primeiro de uma série de coelhos que surgirão daqui até o último dia do alagoano como presidente do Senado. Vêm mais coelhos por aí.
O primeiro será para atacar. O Judiciário e o Ministério Público serão alvo de projetos semelhantes ao do abuso de autoridade, todos com o objetivo de mostrar que os políticos também têm meios para causar dores de cabeça a juízes e procuradores.
A comissão de senadores anunciada ontem para propor o fim dos supersalários nos Três Poderes foi outro exemplo.
Mas Renan também vai passar a defender publicamente alguns pontos do grande acordo que vem tentando costurar há alguns meses, que passa não só por anistia do caixa dois, mas principalmente por o que ele chama de "moderação" das grandes investigações.
Segundo interlocutores do presidente do Senado, Renan vai passar a defender que o Brasil não pode achar que seu único problema é a corrupção.
Dirá que não adianta combater corrupção e destruir as grandes empresas, convulsionar a classe política e mergulhar o país mais e mais na crise.
Ou seja: mais uma vez, Renan será Renan, o presidente do sindicato, que tira coelhos da cartola, faz mil e uma pirotecnias e, entre um truque e outro, brilha no palco. A diferença é que cada vez menos há quem esteja disposto a ser plateia de suas mágicas.

Por Guilherme Amado/Coluna Lauro Jardim/O Globo, nesta sexta