Renan Calheiros, no passado,
perdia cabelos mas não perdia a cabeça. Agora, ele ganhou cabelos mas perde a
cabeça, com frequência. Recentemente, disse que o Senado parecia um hospício e
afirmou que ajudou a senadora Gleisi Hoffman no seu embate com a Lava-Jato.
Hoje, sabemos que ordenou varreduras em vários pontos estratégicos ligados aos
senadores investigados pela roubalheira na Petrobras.
E Renan perdeu a cabeça de novo,
chamando um juiz federal de juizeco e o ministro da Justiça de chefete de
polícia. Sua polícia legislativa funciona como uma espécie de jagunços de terno
escuro e gravata, a serviço de alguns coronéis instalados no Senado. Quando
combatemos Renan e o obrigamos a deixar o cargo de presidente, os jagunços já
estavam lá. Como o Brasil vivia num estado meio letárgico, tivemos de enfrentar
a braço os jagunços de Renan para garantir a transparência de uma reunião sobre
seu destino.
O sono brasileiro não é mais tão
profundo como na época. Ainda assim, Renan sequer foi julgado pelos crimes de
que era acusado na época. São as doçuras do foro privilegiado. Agora, ele quer
que o foro privilegiado, que já era uma excrescência para deputados e
senadores, estenda-se também aos seus jagunços. E que o espaço do Senado seja
um santuário para qualquer quadrilha que tenha, pelo menos, um parlamentar como
membro. Fernando
Gabeira/O Globo - Leia na
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