*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

sábado, 17 de dezembro de 2016

“Causa e efeito”

O novo capítulo da disputa entre os poderes é a face mais vísivel da crise que hoje esvazia e tira o brilho das iniciativas que partem de Brasília. Mas não é sua causa - e sim consequência. O que continua convulsionando o mundo político é a megadelação da Odebrecht, investigação da Polícia Federal agora nas mãos do Ministério Público e do Judiciário - exatamente os alvos preferenciais dos projetos de abuso de autoridade.
A delação começou acertando ninguém mais, ninguém menos do que o próprio presidente Michel Temer e seus auxiliares diretos, bem como a alta cúpula de seu partido, o PMDB. Mas atingirá o PSDB - sabe-se que há anexos sobre os anos FHC. E voltará com carga total aos governos petistas de Lula e Dilma. Estão na lista duas centenas de deputados, senadores, governadores, prefeitos e vereadores de quase todas as legendas, além de gestores da Esplanada dos Ministérios, empresas públicas e autarquias.
Assim como no início da Lava-Jato, em 2014, os delatores calaram o governo Dilma, que negava a existência do petrolão, ao começar a devolver os milhões roubados da estatal, agora não há argumento que possa se contrapor às provas do fluxo bilionário registrado nas planilhas do setor de operações estruturadas da Odebrecht. Uma fortuna paga a agentes públicos e seus intermediários durante anos, detalhada por Emílio e Marcelo Odebrecht e seus muitos executivos.
No caixa 1 ou 2, no Brasil ou no exterior - não importa. O que importa é a origem do dinheiro - fruto de superfaturamento nas várias obras públicas obtidas pela maior empreiteira do país. Ou alguém acha que ela retiraria a propina de seu próprio caixa? E parece que nada escapa: nem, supostamente, o submarino nuclear, que o Brasil ainda não possui. Mas por cujo estaleiro e base naval a Marinha já pagou à Odebrecht, de 2012 até hoje, R$ 3,7 bilhões do Tesouro Nacional. Trechos da crônica “Anticlímax em Brasília” por MARA BERGAMASCHI do blog ANDORINHA SEM FIO