*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

“Nas entrelinhas do reino da fantasia”

O dicionário da editora Merriam-Webster, nos Estados Unidos, nomeou nesta segunda-feira (19) "surreal" sua palavra do ano. A vitória de Trump nas eleições americanas e atentados terroristas ocorridos durante 2016 motivaram a maior procura pelo significado do termo... "Marcado pela intensa realidade irracional de um sonho... Quando não acreditamos ou não queremos acreditar no que é real, precisamos de uma palavra para o que parece 'acima' ou 'além' da realidade. Surreal é uma palavra assim", disse a Merriam-Webster em um comunicado.

O dicionário Oxford definiu sua palavra do ano, em novembro: pós-verdade. Segundo a obra britânica, o verbete significa "relativo a ou que denota circunstâncias nas quais fatos objetivos são menos influenciadores na formação da opinião pública do que apelos à emoção ou à crença pessoal". Leia na íntegra

No mesmo dia em que o presidente Michel Temer anunciou o pacote de medidas econômicas e tributárias com objetivo de facilitar a vida das empresas e consumidores, para aliviar a pressão sobre o investimento e o consumo, o Congresso aprovou um orçamento da União que está no reino da fantasia: será de R$ 3,5 trilhões, com um deficit primário de R$ 139 bilhões, a meta anunciada pelo governo em julho deste ano. A proposta vai à sanção do presidente Michel Temer. Na véspera, a PEC do Teto dos Gastos foi aprovada pelo Senado como um dos eixos do ajuste fiscal. O outro é a proposta de reforma da Previdência que já tramita na Câmara. Os sinais trocados confundem os investidores...
Esse descolamento da realidade em matéria orçamentária está em sintonia com o alheamento dos políticos em relação aos sentimentos da sociedade em diversas matérias, como as medidas de combate à corrupção, cuja tramitação é a origem de uma nova crise entre o Legislativo e o Judiciário...
É um cenário complicado e movediço, no qual a sociedade não se sente mais representada pelo Congresso, embora ele seja o seu representante legítimo; o governo Temer não goza da popularidade, embora seja uma imposição constitucional; e, para complicar a situação, o STF começa a ser arrastado para a barafunda política por causa da brigalhada entre seus ministros.
Como acreditar que a PEC do teto dos gastos, a proposta de reforma da Previdência e o pacote de medidas econômicas e tributárias... por si só, restabeleçam a confiança de investidores e empreendedores? O ambiente político não ajuda a reanimação da economia; a única saída é blindagem da equipe econômica pelo dispositivo parlamentar do Planalto, mas para isso é preciso que o STF garanta a segurança jurídica e não entre na confusão política. Por Luiz Carlos Azedo jornalista do Correio BrazilienseEnviado por Cacau Quil - Leia na íntegra