“O
clima na Procuradoria-Geral da República é de revolta com a decisão da maioria
do STF de manter Renan Calheiros no cargo. Disse há pouco um integrante da
cúpula da PGR: O STF ignorou o processo
da coisa em si. A assessoria do Renan mentiu para o oficial de Justiça para não
receber a notificação. Os ministros deram as costas para o Judiciário como um
todo" Lauro Jardim/O Globo
O senador Renan Calheiros venceu a
batalha, mas não a guerra para garantir sua sobrevivência política. Por decisão
do Supremo Tribunal Federal, ele continua na presidência do Senado, mas não
pode assumir a Presidência da República em eventual ausência de Michel Temer e
do deputado Rodrigo Maia.
Ele não foi afastado do cargo,
como pediu o ministro Marco Aurélio Melo. Mas é certo que, na Justiça, a vida
dele será mais difícil daqui em diante. Além deste em que é réu por peculato, Renan
aparece em 12 inquéritos, onde é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro;
mais dois por peculato e até por formação de quadrilha.
A metade dos processos está
dentro da Operação Lava Jato - um deles, em segredo de Justiça. É verdade que
alguns desses processos ainda aguardam diligências da Procuradoria Geral da
República, o que quer dizer que será necessário mais tempo para o julgamento. Vale
lembrar que ele ficou surpreso ao saber que o STF o tornou réu neste primeiro
processo. Ele estava certo de que escaparia.
O ambiente para Renan no STF não
é nada bom. Basta ler com atenção alguns votos proferidos na tarde desta
quarta-feira. Embora o resultado final tenha sido positivo para ele, as
críticas apareceram em votos, mas, sobretudo, em conversas internas. A
avaliação geral é a de que ele esticou a corda em excesso. Aliás, esta é a
marca do senador alagoano [...].
Também ajudou Renan o teor do
voto do ministro Marco Aurélio Melo que, embora pedindo o afastamento dele, o
fez sem consultar o conjunto do plenário e sem cumprir alguns requisitos, como
ouvir o réu ou aguardar a publicação da sessão em que ele se tornou réu. A esta
altura, uma boa solução para Renan era também boa para o Palácio do Planalto.
Afinal, ele se tornou, ao mesmo tempo, um aliado tão incômodo quanto
necessário. Cristiana Lobo/O Globo – Leia
na íntegra