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sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

“A Lava-Jato e o seu Rubicão”

Durante o período republicano da Roma Antiga, os Exércitos encontravam no Rio Rubicão, a nordeste da Península Itálica, o limite que não deveriam transpor. Mas o grande general Júlio César violou essa regra em 49 a.C. Ele cruzou o famoso rio com a sua tropa, em busca de poder e glória. Nessa empreitada, registra a história que teria dito a célebre frase: "Álea jacta est"("A sorte está lançada"). De fato, a sorte final da República romana definiu-se naquele ato: o fim chegou para a forma de governo que vigia na Roma de Júlio César, que morreu assassinado.
Teria também a Operação Lava-Jato cruzado o seu Rubicão? Não é novidade dizer que a Lava-Jato vive momentos cruciais. Mas é importante destacar que há um problema iminente. As ameaças contra a investigação miram muito além da própria operação. Ficou claro até aqui que, para assegurar o estado de impunidade aos agentes do sistema corrompido, não é suficiente des-construir o trabalho investigativo do Ministério Público. F. preciso também minar a credibilidade das instituições engajadas no combate à corrupção.
O cerco à Lava-Jato vai-se fechando à medida que a operação pavimenta caminhos para que outras investigações percorram o mesmo roteiro de sucesso. Simultaneamente, parece que um certo arrefecimento da mobilização popular em relação à Lava-Jato e ao combate à corrupção fez com que surgisse a esperada fenda na couraça social que se erigiu em torno do trabalho de procuradores, delegados e auditores. Alguns poucos atos polêmicos ocorridos na trajetória das investigações, somados ao desespero de quem se sente acuado, abriram caminho para a desconstrução do trabalho da Lava-Jato.

Por Danilo Pinheiro Dias, procurador regional da República e coordenador da assessoria criminal da Procuradoria-Geral da República - Trechos da matéria publicada na Revista Veja sob o título “A Lava-Jato e o seu Rubicão”.

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