"Nós não perdemos o controle do sistema
prisional. O sistema prisional continua sob controle. O que aconteceu,
aconteceu nos primeiros minutos de rebelião. Nós não teríamos, realmente, como
evitar. Quando chegamos lá, as mortes já haviam ocorrido e só restava negociar", afirmou o secretário de
Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, nesta terça-feira (3) sobre a
chacina no presídio de Manaus que teve um saldo de 56 mortos e a fuga de 184
presos.
Helio Gurovitz, em um artigo para o G1, questiona o modus operandi do sistema prisional
brasileiro: “São conhecidas há anos as
causas da barbárie que, num período de 24 horas, resultou em 60 mortes e 184
fugas de quatro cadeias em Manaus. Cenas hediondas de assassinato, decapitação,
esquartejamento e e queima de cadáveres, relatadas pelo juiz Luís Carlos
Valois... As questões que o massacre suscita não são exatamente novas. Repetem
como que um roteiro trágico que, de tempos em tempos, o Brasil encena nas
prisões e nas ruas. É o roteiro de um país há décadas incapaz de garantir
segurança à população e de aprender com erros cometidos no passado” Em seu
artigo o Helio faz dez perguntas sobre ao massacre, das quais destacamos algumas
abaixo:
-Por
que o Estado brasileiro, até hoje, não controla os presídios? O que
é preciso fazer para acabar com o domínio das facções criminosas e transformar
as cadeias em centros de punição, em vez de centrais do crime organizado
mantidas pelo Estado?
-Havia
pistolas, facões e espingardas nas mãos dos presos em Manaus. Como e
por que armas ainda entram nos presídios brasileiros?
-Facções
criminosas têm acesso a celulares nas cadeias para coordenar suas
ações. Como presos ainda conseguem recebê-los e usá-los lá dentro?
-Havia,
segundo o ministério da Justiça, 1229 presos, numa cadeia de Manaus
projetada para 454... Quantos presídios são necessários para acabar com a
superlotação no país? Quanto custam? Quanto tempo leva para construí-los?
-Um
terço dos detentos brasileiros está preso em regime de prisão
provisória, sem condenação. Por que a Justiça é incapaz de julgar os crimes
mais rápido, de modo a impedir que pequenos infratores sejam aliciados pelo
crime organizado dentro das cadeias?
-Quando
os políticos de Brasília – de qualquer partido – deixarão de se
esquivar e passarão a tratar a segurança pública com a urgência necessária? – CONFIRA
NA ÍNTEGRA
NOTA
DE RODAPÉ: Familiares de presos denunciaram ao G1 que entrada de
armas no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, foi possível
por meio de subornos feitos a agentes penitenciários. Mulheres de diferentes
famílias afirmam já terem feito pagamentos de até R$ 1 mil para agentes
liberarem a entrada de visitantes com armas, drogas e celulares. Segundo a
Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), a responsabilidade pelas
revistas na unidade é da empresa Umanizzare. A terceirizada não quis se
pronunciar sobre o caso. CONFERE
LÁ