*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Demo? Cracia

Precocemente envelhecida, a democracia brasileira vive uma situação pra lá de paradoxal: nem bem teve tempo de aprimorar os mecanismos necessários para acompanhar a evolução contínua da sociedade e já apresenta sinais de fadiga crônica e terminal. Na raiz do problema está a absoluta dissociação entre o Estado leviatã e a sociedade, vista aqui apenas no seu aspecto de provedora de um sistema perpetuamente desigual e injusto. Num modelo como esse, não há a menor possibilidade de um funcionamento longevo e harmonioso entre o governo e os cidadãos.
   
O que existe, de fato, é um alto muro separando os Três Poderes do restante dos brasileiros. De outra forma, como explicar para um contingente de 13 milhões de desempregados que desembargadores de estados pobres da União recebem mensalmente dos cofres públicos salários que ultrapassam os R$ 300 mil e ainda têm assegurado outras vantagens como auxílio-moradia, plano de saúde e sabe-se lá o que mais?
   
Que exercício fazer para que um cidadão aceite com tranquilidade o fato de que até seu representante no parlamento foi eleito graças aos muitos milhões de reais desviados criminosamente das empresas públicas? Como explicar, ainda, que membros do governo, além dos altos salários, contam com um reforço na forma de um cartão corporativo que tudo compra, de tapioca na esquina a préstimos e favores de todo gênero? [...].
   
A violência é, talvez, a face mais vistosa de uma sociedade entregue à própria sorte, desamparada e à mercê da criminalidade crescente que medra desde os becos escuros das periferias insalubres até os palácios atapetados e iluminados com candelabros de cristal. Bastou a decretação de uma greve ilegal da Polícia Militar do Espírito Santo para que, em menos de uma semana, 140 pessoas fossem barbaramente mortas, obrigando a população a se refugiar em casa. Afirmar que está tudo dominado já não é apenas força de expressão, mas uma realidade presente e perigosa - Blog do Ari Cunha/Correio Braziliense

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