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sexta-feira, 31 de março de 2017

A Lava Jato avança de verdade

A Lava Jato colocou pela primeira vez na mira não apenas políticos com nome e sobrenome, mas todo um partido, o PP (Partido Progressista), acusado de improbidade administrativa, pedindo a devolução para os cofres de Estado de 2 bilhões de reais. É uma novidade na guerra contra a corrupção. Isso, junto com a condenação do ex-presidente do Congresso Eduardo Cunha a 15 anos de prisão, tudo no mesmo dia, revela que a Lava Jato não demonstra sentir medo frente às possíveis manobras que, contra ela, parecem estar tramando no Congresso com o debate sobre uma lei de responsabilidade que, aprovada nesse momento e às pressas, pode ser vista como uma tentativa de amarrar as mãos dos juízes em sua luta contra a corrupção. A decisão de pedir a condenação de todo um partido e de 10 de seus líderes políticos significa que o juiz Moro e sua equipe avançam de verdade e que o resultado final de suas investigações ainda é difícil de adivinhar...

Aqueles que já criam hipóteses de que a prisão de Cunha e o primeiro pedido de condenação de um partido são apenas os entreatos do grande objetivo de chegar a Lula e seu partido, o PT, como responsável máximo da trama de corrupção, se perguntam até onde quer chegar a Lava Jato...

 O promotor Deltan Dallagnol se antecipou ao afirmar que não pretendem “paralisar a ação política”, mas “agarrar os corruptos pelo bolso”. Isso em teoria, porque na prática, poderia levar à dissolução de algumas forças políticas como ocorreu na Itália nos anos 90 com a Operação Mãos Limpas. Decapitados os partidos de seus maiores líderes, para os quais é pedida a perda de cargos e direitos políticos, e com a obrigação de devolver esses valores colossais como multa, para muitos poderia significar um golpe mortal.


Mas a frase de Dallagnol de que a Lava Jato pretende “agarrar os corruptos políticos pelo bolso” terá um forte eco na opinião pública. É só olhar as redes sociais para observar que o mantra das pessoas nas ruas é “que devolvam o que foi roubado”. E isso inclui os políticos como pessoas e os partidos como organizadores. O mínimo que se pode dizer é que a Lava Jato, que sabe que conta com o capital do forte apoio da sociedade na luta contra a corrupção, quis marcar seu território na guerra já nem dissimulada, entre a justiça e uma classe política que é vista como encurralada e no banco dos réus - Juan Arias/El PaísLeia na íntegra

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