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sábado, 25 de março de 2017

A "onestidade" de Dilma

"Não existia ninguém no Palácio do Planalto que não soubesse que se tratava de um projeto de enriquecimento ilícito por meio de uma estrutura maluca... Não era um governo, era um negócioJerônimo Goergen, deputado pelo PP do Rio Grande do Sul, ao site Antagonista, na sexta 24

Ao longo do processo de impeachment, os defensores da ex-presidente Dilma Rousseff afirmavam que era tudo uma injustiça. “Ela é honesta”, diziam. “Não há uma única prova de que tenha se corrompido ou tomado parte no esquema da Petrobras.” Dilma caiu por fraudes contábeis, não por corrupção ou caixa dois.

A imprensa internacional fez questão de enfatizar que a condenação se dera “on flimsy grounds” (sobre bases frágeis), influenciada por um escândalo de corrupção no qual não havia nenhuma prova de participação dela. Dilma saiu recentemente em viagem ao exterior proclamando sua inocência, sua honestidade e alegando ter sido vítima de um golpe – mas só conseguiu provar que não sabe falar francês.

Não se sabe exatamente que sentido as palavras adquirem quando traduzidas para outro idioma, seja francês, inglês, lituano, urdu ou reto-romano. Em português, contudo, o envolvimento de Dilma estava claro desde que a Polícia Federal apreendeu o iPhone de Marcelo Odebrecht. Entre a profusão de anotações crípticas no aparelho, que exigiram das autoridades meses de trabalho das autoridades para ser decifradas, uma se destacava pela clareza: “dizer do risco cta suíça chegar campanha dela?”.

Para quem ainda tinha alguma dúvida sobre o papel de Dilma no escândalo, o depoimento de Marcelo no processo contra a chapa Dilma/Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cujos trechos foram revelados ontem pelo site O Antagonista, não deixa mais nenhuma possibilidade para ambiguidade. Marcelo, aquele mesmo que não ia “dedurar” porque não tinha “o que dedurar”, dedurou bonito.

Para não deixar margem para especulações, ele revelou em pelo menos três trechos a extensão do conhecimento de Dilma. Em suas próprias palavras:
-A Dilma sabia da dimensão da nossa doação, e sabia que nós éramos quem doá… quem fazia grande parte dos pagamentos via caixa dois para João Santana. Isso ela sabia.
–Sempre ficou evidente que ela sabia a dimensão do nosso montante, ela sabia que a gente pagava.
–O que Dilma sabia era que a gente fazia, tinha uma contribuição grande – a dimensão da nossa contribuição era grande, ela sabia disso – e ela sabia que a gente era responsável por muitos pagamentos para João Santana. Ela nunca me disse que era caixa dois, mas é natural, é só fazer uma… ela sabia que toda aquela dimensão de pagamentos não estava na prestação do partido.

Marcelo também confirmou aquilo que ninguém precisava ser nenhum Champollion para saber. Nas anotações de seu Iphone, “ela” era ela mesma, como já escrevi. “Quando chegou em 2015, quando estourou a questão da Lava Jato, qual foi a minha primeira preocupação?”, pergunta ele a certa altura do depoimento. Era avisar Dilma do “risco cta suiça”. Eis então o que ele fez:
–Já com a Lava Jato, eu alertei, sim, ela de que “Olha presidente, eu quero informar para a senhora o seguinte: eu tenho medo de que, via questão da Lava Jato, exista uma contaminação nas contas do exterior que foram usadas para pagamento para João Santana, então quero alertar a senhora disso”. Eu alertei ela e vários outros assessores dela. Por Helio Gurovitz/O GloboLEIA NA ÍNTEGRA

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