*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

segunda-feira, 27 de março de 2017

Foi aberta a temporada de caça aos patos

   
A conjugação de crise política com severa turbulência econômica gera um rastro de mazelas de toda ordem, mas serve ao menos para instigar a sociedade a enfrentar distorções com a finalidade de evitar que tudo não se repita. Até por uma questão de sobrevivência. No caso do Brasil, se nada for feito para abortar a tendência de aumento autônomo de gastos públicos engessados em regras que obrigam o administrador a destinar boa parte do Orçamento para setores específicos, e se for mantida a indexação de parcela ponderável das despesas, a insolvência do Tesouro é certa. Com todas as implicações dessa quebra: hiperinflação, recessão profunda, desemprego ainda mais assustador. [...].

Artigo dos economistas José Márcio Camargo e André Gamerman, publicado recentemente no GLOBO, mostrou, em números, como aposentadorias e pensões também funcionam como um instrumento de canalização de renda para fatias minoritárias da população.

Os economistas registram que se um casal de idosos tiver uma aposentadoria de R$ 1.270 cada um, o valor médio dos benefícios, a soma da renda dos dois os coloca no extrato dos 20% mais ricos do país. O disparate aumenta quando se considera a aposentadoria média de um servidor público federal: R$ 9 mil, ou mais de sete vezes o que recebe o aposentado do setor privado. Juntos, segundo o artigo, aposentados do INSS e do serviço público são 16,3% da população brasileira, mas absorvem 54% do Orçamento.

Por diversas razões — o poder de corporações sindicais e outras —, um país com ainda uma grande proporção de jovens dá prioridade a despesas com os mais idosos e, portanto, deixa em segundo plano a educação básica, por exemplo. Estatísticas como estas ajudam a esclarecer quem são mesmo os que gritam nas ruas contra a reforma da Previdência – Editorial do Globo neste domingo 26
-Esse EDITORIAL é tendencioso, pois camufla uma armadilha pra pegar patos. Confira abaixo:
Os devedores da Previdência Social acumulam uma dívida de R$ 426,07 bilhões, quase três vezes o atual déficit do setor, que foi cerca de R$ 149,7 bilhões no ano passado. Na lista, que tem mais de 500 nomes, aparecem empresas públicas, privadas, fundações, governos estaduais e prefeituras que devem ao Regime Geral da Previdência Social. O levantamento foi feito pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, responsável pela cobrança dessas dívidas. Enquanto propõe que o brasileiro trabalhe por mais tempo para se aposentar, a reforma da Previdência Social ignora os R$ 426 bilhões que não são repassados pelas empresas ao INSS. [...].
 “O governo fala muito de déficit na Previdência, mas não leva em conta que o problema da inadimplência e do não repasse das contribuições previdenciárias ajudam a aumentá-lo. As contribuições não pagas ou questionadas na Justiça deveriam ser consideradas”, afirma Achilles Frias, presidente do Sindicado dos Procuradores da Fazenda Nacional.
A maior parte dessa dívida está concentrada na mão de poucas empresas que estão ativas. Somente 3% das companhias respondem por mais de 63% da dívida previdenciária... A grande maioria, ou 82%, são ativas... Na lista das empresas devedoras da Previdência, há gigantes como Bradesco, Caixa Econômica Federal, Marfrig [empresa processadora de alimentos à base de carnes bovina, suína, de aves e peixes], JBS [leia Friboi e Swift] e Vale. Apenas essas empresas juntas devem R$ 3,9 bilhões, segundo valores atualizados em dezembro do ano passado. Clique aqui e acesse a lista dos 500 maiores devedores da Previdência

–Não é preciso esclarecer quem são os patos, né mesmo? 

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