Na manhã da
sexta-feira, a operação Carne Fraca foi deflagrada,
recebendo da imprensa a cobertura que ações do tipo costumam receber. No início
da tarde, contudo, primeiros sinais estranhos ganharam as redes sociais, e
veículos esquerdistas iniciaram um ataque aos investigadores.
Durante o final
de semana, com inúmeras inserções publicitárias dos investigados, a imprensa
começou a focar-se nas desculpas dadas pelos frigoríficos. E essa segunda
amanheceu com um bom número de veículos grandes e tradicionais concordando que
a PF de alguma forma exagerou.
É um movimento
estranho à imprensa nacional. Quem acompanha o Implicante sabe que os veículos
mais tradicionais custam a dar o braço a torcer. A insistência no erro é uma
praxe. Ao chamado “outro lado”, costumam reservar apenas as linhas finais
dos últimos parágrafos, ou uma frase na boca dos apresentadores de telejornais.
Manchetes inteiras com a versão do investigado? São bem raras.
Há literatura no
Brasil registrando momentos em que a imprensa foi usada para engavetar
investigações (breves buscas por “Armadilha Bisol” e “Operação Banqueiro”
explicam). A Operação Lava Jato, por exemplo, logra sucesso ao entender como o
jogo é jogado e antecipar-se às respostas que assessorias emplacarão nos mais
variados veículos.
No ar, resta a
suspeita de que velhas práticas possam ter sido retomadas para conter o
“problema” ainda na origem. E isso nem fica evidente nos anúncios
veiculados, tanto que, por intermédio de “programas filiados”, alguns estão em
exibição até aqui mesmo no Implicante. Trata-se da postura incomum mesmo. Que,
como diria Shakespeare, deixa a sensação de que “há algo de podre no reino da
Dinamarca”. E talvez nem seja a carne – Publicado no blog implicante.org sob o título
“Operação Carne Fraca: a mudança de postura da imprensa é, no mínimo, estranha”
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