Com a
legitimidade de correligionário, o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso saiu em defesa do senador Aécio Neves, cada vez mais
enroscado na Lava-Jato. Para tanto, atacou a imprensa e edulcorou o caixa dois.
Deixemos os
ataques à imprensa de lado. É comportamento padrão de quem se vê acuado. E,
como se sabe, jornalistas apanham tanto por seus acertos quanto por seus erros.
A questão é o
caixa dois. "Há uma diferença entre quem recebeu recursos de caixa dois
para financiamento de atividades político-eleitorais, erro que precisa ser
reconhecido, reparado ou punido, daquele que obteve recursos para
enriquecimento pessoal, crime puro e simples de corrupção", escreveu o
tucano-mor. Os grifos são deste escrevinhador.
O ex-mandatário
caminha aqui na mesma senda que seu sucessor na presidência da República, Luiz
Inácio Lula da Silva. Para ambos, ao que parece, caixa dois é "erro"
menor. "Crime", como se sabe, é o dos outros.
Refugiam-se os
caciques das únicas grandes legendas que têm programas para o poder, e não
apenas interesse no poder, em tergiversação. O embuste envolve duas premissas
falsas.
Primeiro, a de
que não é grave valer-se de verba não contabilizada para vencer uma disputa
eleitoral. Segundo, de que o dinheiro que abastece o caixa dois é menos sujo do
que o destinado ao enriquecimento pessoal. Chega-se aqui ao busílis. Da onde
vem o dinheiro?
O Globo de
sábado, 5, traz uma rápida análise do professor da FGV, Michael Mohallem.
Pontifica ele: "O que mais importa nas investigações é justamente conhecer
a origem dos recursos e não por que meio circularam"
Defender
correligionários porque fizeram o que todos fazem é justificativa surrada. Se o
dinheiro saiu sujo permanecerá sujo nas mãos do receptor.
Afirmar que
foram obrigados a receber pelo caixa dois ou que não sabiam da origem do
numerário tem o fito de parecer ingênuo. Ocorre que não se conhece político naïf.
E, se existiu, está extinto – Por Itamar Garcez/blog do Moreno/o Globo – Leia
na íntegra
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