Jamais o
Congresso teve um presidente da República para chamar
de seu como tem desde que Michel Temer assumiu o cargo no lugar de Dilma
Rousseff. A recíproca parece verdadeira.
Justamente por
isso é improvável, embora não impossível, que senadores e deputados faltem com
seus votos na hora de aprovar as reformas que são o único motivo pelo qual este
governo existe.
É fato que a
presidente deposta abusou de errar e escolheu seu destino. Mentiu sem pudor
para se reeleger. Centralizou o poder em excesso. Empurrou o país para o
buraco. E cometeu crime de responsabilidade.
Ao gastar mais
do que estava autorizada, ofereceu o pretexto para sua queda. Não caiu por
isso. Caiu pelo conjunto da obra. Celebre o casuísmo que não lhe subtraiu os
direitos políticos como mandava a Constituição.
Temer chegou lá
empurrado pelos políticos carentes de mimo e de mais obséquios, por aqueles em
pânico com os desdobramentos da Lava Jato, e pela elite empresarial e
financeira preocupada com o estado da economia.
Tem feito tudo o
que toda essa gente esperava dele – e pelo menos a economia começou a dar
sinais de que se recupera. Espera, portanto, que façam por onde ele possa
governar até a eleição do seu sucessor.
O Congresso deu
a Temer tudo o que ele pediu. Se não lhe der, porém, a reforma da Previdência,
Temer estará condenado à condição de um presidente morto-vivo. Como foi Sarney
na metade final dos anos 80. [...].
Conspira a favor
da aprovação da reforma da Previdência o desejo oculto dos que sonham em
suceder Temer de que ele faça por eles todo o trabalho sujo. Conspira contra o
pouco tempo que resta até as próximas eleições.
Uma classe
política desqualificada como a nossa, acossada por revelações que comprometem
seu futuro, é capaz de fazer qualquer coisa para tentar sobreviver. Trair quem
elegeu seria o mínimo, como já demonstrado - Ricardo Noblat/O Globo – Lei
na íntegra
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