Porque a
Justiça não cedeu à inércia, aliada da impunidade e,
por tabela, cúmplice da corrupção, o Brasil deu um passo importante nesta
terça-feira na direção do que o presidente Tancredo Neves pregou para se eleger
em 1985, mas não viveu para ver: o possível surgimento de uma Nova República.
Deu-se esse
nome, erradamente, à fase de transição entre a ditadura de 64 que durou 21 anos
e a consolidação da democracia restaurada por aqui. Mas que democracia foi
essa, é esta, que se deixou corromper pelos males de um presidencialismo
mercantil de acentuada cooptação à falta de outros meio para se sustentar?
Antes, o
presidente governava com base no apoio de partidos ideológicos, à esquerda ou à
direita. Cada um deles, bem ou mal, defendia seu projeto de país. Havia
distribuição de cargos, natural que houvesse para a formação de maioria no
Congresso. Mas não com a intenção deliberada de roubar e de deixar que
roubassem.
O roubo sempre
existiu e sempre existirá. Mas, com a multiplicação desenfreada dos partidos,
dos sindicatos e de outras entidades a eles ligadas, o roubo inflacionou o
preço dos apoios, os custos das campanhas e degradou os valores e princípios
que caracterizam — ou que deveriam caracterizar — o regime democrático.
A democracia
estabelece que as eleições sejam disputadas em igualdade de condições por
aqueles as disputam. O caixa 2 favorece um lado em detrimento do outro menos
aquinhoado. A propina pura e simples também. Mais ainda quando ela deriva da
compra de medidas governamentais e de contratos superfaturados...
Quando falta luz
em casa, a primeira coisa que fazemos é conferir se o disjuntor caiu.
Disjunção! Os representantes do povo, e as instituições eles integram,
desligaram-se dos seus representados. A democracia, por mais formal que ela
seja, deu à luz uma sociedade mais exigente e a uma imprensa mais atenta. O
resultado é o que vemos. Que seja só o começo – Ricardo Noblat/O Globo – LEIA
NA ÍNTEGRA
Nenhum comentário:
Postar um comentário