*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Especial “Sexta da Paixão”


Recorte da imagem publicada na primeira página
 do jornal Correio Brasiliense de hoje

(1)
"O que temos no Brasil não é um negócio de cinco, dez anos.
Estamos falando de 30 anos atrás".
   
Foi bom, Emílio Odebrecht, que você tenha lembrado disso em sua delação premiada. Pois durante os últimos anos o povo brasileiro teve que assistir ao espetáculo patético de corruptos com ares de indignação cívica acusando corruptos, torcedores de corruptos saindo às ruas para clamar contra a corrupção. Tudo isto para chegar neste momento catártico e todos os lados da Nova República serem expostos em suas relações incestuosas com o empresariado nacional.

O ilibado e endeusado pela imprensa local Fernando Henrique Cardoso, o defensor dos oprimidos Lula, o santo Alckmin, a guerrilheira Dilma, o indignado Aloysio Nunes, seu amigo e presidente natural Serra, os operadores do PT, os operadores do PSDB, os negociadores do PMDB, os trânsfugas da ditadura do DEM: em suma, toda a fauna da casta política brasileira no mesmo banco dos réus.

Os mesmos que ocupam os espaços na imprensa para pregar austeridade e destruição dos direitos dos trabalhadores são os que pilharam os cofres públicos de forma aberta e sem pudores. Os mesmos que exigem dos trabalhadores que trabalhem 49 anos para se aposentar de forma integral deram ao Brasil a honra de ter 24 de seus 81 senadores como alvo de inquérito no STF.

Os mesmos que fecham escolas e deixam apodrecer universidades sentavam à mesa fausta das negociações e levavam para casa milhões de reais. Desde o aparecimento da primeira ponta do iceberg do esquema do mensalão, isto nos idos de 2004, tudo estava claro para quem quisesse ver. [...]. O mais cômico era ouvir aqueles que tentavam diferenciar os ocupantes do poder por "intensidade" de corrupção: "Não, mas este corrompeu muito mais". "Mas em relação a este são só ilações, é só tentativa de jogar todo mundo na lama para relativizar tudo".

É, meus amigos, o Brasil conhece como ninguém o cinismo dos que sabem muito bem, mas mesmo assim agem como se não soubessem.

Diante disto, poucas foram as vozes que se perguntaram: mas como chegamos até aqui? De onde veio a opacidade do Estado brasileiro e seu desprezo pela presença da soberania popular, único esteio real contra a corrupção dos entes privados? Será que há mesmo uma zona cinzenta de amoralidade em toda forma de governo a respeito da qual não é possível fazer nada?

Diante da exposição produzida pela chamada "delação do fim do mundo", só gostaria de lembrar, como disse o filósofo francês Patrice Maniglier, que "outro fim do mundo é possível"... Sim, que este mundo acabe o mais rápido possível. Toda a história da Nova República só poderia acabar mesmo nesta confissão explícita de fracasso nacional. Que este trauma nos sirva de lição - Vladimir Safatle/Folha – Leia na íntegra
(1)     O jornal O Correio Braziliense está se especializando em imagens de “capas”

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