*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

sábado, 29 de abril de 2017

“Existir está me machucando”

O amor da Terra é para os que suportam o Paradoxo...
Shakespeare cometeu um engano. Ser e não Ser, é a questão.
O Paradoxo humano é um Conjunto.
Aquele que suportar viver e morrer na vida,
ser sano e insano, Deus e o Diabo,
entende o mistério da Natureza Humana

Trecho da colagem “Poema” - equipe do blog do Moreno/O Globo

Ricardo Pereira
Eu não tenho nada para dizer ao público brasileiro, mas não vale a pena o público brasileiro começar a sentir-se especial porque a verdade é que eu não tenho nada para dizer a ninguém. Sei quase nada sobre quase tudo – circunstância que, felizmente, nunca impediu uma pessoa de escrever nos jornais. Por vezes, chega a ser requisito.

Mas não adianta fingir que temos assunto de conversa. Se o público brasileiro e eu tomássemos o mesmo elevador, a viagem ia ser daquelas embaraçosas. "Cá estamos", talvez eu dissesse. "É verdade", o público brasileiro responderia, olhando para o tecto. E o resto seria silêncio.

Os leitores brasileiros e eu temos apenas duas coisas em comum. Falamos a mesma língua (bom, mais ou menos) e estamos vivos, pelo que não me resta alternativa senão falar do único assunto que ambos dominamos: isto de estar vivo. O escritor português Manuel da Fonseca disse: "Isto de estar vivo ainda um dia acaba mal". Levei a cabo algumas pesquisas e sinto-me muito inclinado a concordar.

Por isso, todas as sextas-feiras escreverei aqui sobre a vida, esse caminho de dor, angústia e desespero que culmina com a morte. Serão textos humorísticos. Só há um problema: não sei grande coisa sobre a vida. Não li o manual do usuário. Há muitas funcionalidades que não uso, umas vezes por desconhecimento, outras por medo de estragar. [...].

Uma última nota: por vezes, quando alguém se põe a pensar na vida, pode acontecer-lhe encontrar o seu verdadeiro eu. Não se preocupem: eu não corro esse risco. Uma vez encontrei o meu verdadeiro eu e não ficámos amigos.

Agora atravesso para o outro passeio sempre que o vejo. Deus me livre de me dar com gente dessa. O meu verdadeiro eu é altivo, vaidoso e feio. Se falasse espanhol, podia ser argentino - Ricardo Araújo Pereira/FolhaLeia na íntegra

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