Próximo
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva há mais de
trinta anos, o empresário Emílio Odebrecht relatou, em seu depoimento de
delação premiada, como o ex-sindicalista que se tornou presidente da República
ajudou, durante décadas, a empreiteira que leva seu sobrenome.
Emílio conheceu
Lula no fim da década de 1970, apresentado por Mário Covas, já falecido. Na
época, o empresário enfrentava uma greve geral no Polo Petroquímico de
Camaçari, na Bahia, e precisava de ajuda para aplacar os ânimos de seus
funcionários. “Ele (Lula) criou as condições para que eu pudesse ter uma
relação diferenciada com os sindicatos”, relata Emílio.
Rapidamente, a
relação entre os dois se fortaleceu. Emílio diz que ficou impressionado com o
petista:
“Ele pega as
coisas rápido. Ele percebe aquilo que tem a ver com intuição pura. É um animal
político, um animal intuitivo”, diz o empresário.
E conta que
sempre “apoiou Lula”, com conselhos e financeiramente. Um dos pontos em que o
empreiteiro teria ajudado a orientar a visão de mundo do petista foi na
confecção da famosa “Carta ao Povo Brasileiro”, o documento divulgado durante a
campanha de 2002 por Lula para serenar os ânimos do mercado financeiro em
relação a sua possível eleição.
Emílio diz que a
Odebrecht contribuiu para todas as campanhas de Lula, mas que o petista nunca
tratou de valores. Por outro lado, quando Lula finalmente virou presidente,
qualquer que fosse o problema enfrentado pela empresa, Emílio ia até o Palácio
do Planalto pedir a intervenção do chefe da República. E era quase sempre
atendido.
“Só estive uma
vez no apartamento de Lula quando era sindicalista. E foi a melhor coisa que eu
fiz. Pra ele e pra mim. A nossa relação, eu sou muito transparente. Eu gosto do
Lula, confio nele, valorizo ele”, conta.
Uma preocupação
grande de Emílio era quanto à possibilidade de “reestatização” da Petrobras. Um
dia, quando já era real a chance de Lula se eleger, o empreiteiro procurou o
petista e ele garantiu que não estatizaria o setor petroquímico. O empresário
relembra uma conversa com o general Golbery Couto e Silva sobre Lula para dar
sua visão sobre o ex-presidente:
“‘Emílio, Lula
não tem nada de esquerda. Ele é um ‘bon vivant’ (teria dito o general). E é
verdade. Ele gosta da vida boa, gosta de uma cachacinha, gosta de fazer as
coisas e gosta de ver os outros, efetivamente, a coisa que ele mais quer é ver
a população carente sem prejuízo, essa que é a versão mais correta, sem
prejuízo de quem tem. Não é aquele negócio de tirar de um pra dar pro outro.
Essa é a minha visão, por isso teve um alinhamento muito grande - por Catarina
Alencastro, Carolina Brígido e Letícia Fernandes para O Globo - Leia
mais
Nota de rodapé – Fotomontagem, títulos e subtítulos by Equipe Q&M
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