A Fundação
Perseu Abramo, do PT, fez uma pesquisa que chamou de
"Percepções e Valores Políticos nas Periferias de São Paulo". Um
mergulho na alma política de famílias da classe média baixa (renda familiar de
até cinco salários mínimos, R$ 4.685), gente que votou no PT de 2000 a 2012,
mas não foi atrás de Dilma Rousseff em 2014, nem de Fernando Haddad em 2016. Os
63 entrevistados foram divididos em cinco grupos e vinte entrevistados haviam
sido beneficiados por programas sociais dos governos petistas, do Bolsa Família
ao ProUni.
O resultado da
pesquisa está na rede. Ele surpreendeu muita gente, até mesmo os redatores do
relatório final. Verdadeiro Apocalipse: "as camadas populares passaram a
se identificar mais com a ideologia liberal que sobrevaloriza o mercado".
Esse morador da
periferia acredita que o Estado é o inimigo do povo, pois arrecada impostos e
não devolve serviços, confia no mérito e no esforço pessoal para melhorar a
vida das pessoas: "Muitos assumem o discurso propagado pela elite e pelas
classes médias, apontando a burocracia e os altos impostos como empecilhos para
o empreendedorismo".
Hoje, uma mulher
branca, de 30 anos, acha que a politica está contaminada e seria bom
"jogar tudo no lixo". Se aparecesse diante dos comissários de hoje um
jovem viúvo da periferia do ABC dizendo que os partidos políticos são
"farinha do mesmo saco", defendendo o fim da unicidade sindical,
dizendo que a Consolidação das Leis do Trabalho é uma bola de ferro amarrada à
perna do trabalhador, eles certamente veriam nele um seguidor da "agenda
definida pela mídia hegemônica".
Pena, nos anos
70 esse personagem chamou-se Luiz Inácio Lula da Silva, que foi o Baiano e o
Taturana, antes de virar o Lula de todos os santos. Foi com o discurso do
operário que precisa de direitos e oportunidades que ele virou uma liderança
nacional Acredite-se, houve um tempo em que Lula cavalgava uma agenda moderna.
A Fundação
Perseu Abramo é uma das poucas áreas instigantes do pensamento petista e sua
pesquisa ajudará a entender um povo em nome do qual muita gente fala, desde que
não precise ir às quebradas onde ele vive. Elio Gaspari - Leia
na íntegra
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