*Não fosse o amanhã, que dia agitado seria o hoje!

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Um rolezinho pela “República Federativa da Odebrecht”

O que eu combinei com o Palocci foi o seguinte: essa é uma relação minha com a presidência do PT no Brasil. Então, eu disse: vai mudar o governo, vai entrar a Dilma [Rousseff]. Esse saldo passa a ser gerido por ela, a pedido dela. A gente sabia que ia ter demandas de Lula, a questão do instituto, para outras coisas. Então vamos pegar e provisionar uma parte desse saldo, aí botamos R$ 35 milhões no saldo 'amigo', que é Lula, para uso que fosse orientação de Lula" - Marcelo Odebrecht em uma das suas delações premiadas

O Porto de Mariel, em Cuba, a Arena Corinthians, em São Paulo, o Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, a Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, a criação da Sete Brasil. Cresce a lista de projetos que teriam nascido para alimentar o esquema de pagamentos ilegais acertado entre políticos e executivos da Odebrecht, segundo depoimentos de sócios e ex-executivos da companhia ao Ministério Público Federal (MPF). São custos vultosos — Jirau, que não foi construída pela Odebrecht, custou R$ 19 bilhões — que poderiam ter sido reduzidos ou nem realizados não fossem as negociações focadas no repasse de propinas.
O economista Claudio Frischtak, da Inter.B Consultoria, destaca que a perda anual em decorrência dessas transações ilícitas é bilionária.
-O TCU tem um estudo que mostra que o sobrepreço médio cobrado nas obras de infraestrutura no Brasil é de 17%. Essa fatia representa apenas as perdas diretas. É um enorme volume de investimentos que, até hoje, não se transformou em ativos produtivos. São ganhos adiados — afirma ele. [...]. Adeodato Netto, estrategista-chefe da Eleven Financial, pondera que, ainda que as informações trazidas à tona pelas delações da Odebrecht impressionem, são de apenas uma empresa: Não dá para ter ideia da extensão do dano. A naturalidade com que os delatores descrevem as negociações é assustadoraCONFERE LÁ
No mais... “Apenas parte dos valores movimentados no esquema de corrupção dos três últimos governos, revelado por delações de executivos da empreiteira Odebrecht, poderia ter servido para custear obras fundamentais para o país. Levantamento do Correio [Correio Braziliense], com base em inquéritos abertos pelo relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, e outros processos remetidos a instâncias inferiores, o esquema de corrupção da empreiteira pagou pelo menos R$ 450 milhões a políticos em forma de caixa 2 ou propinas. Com esse valor, seria possível, por baixo, custear 130 mil vagas em creches ou abrir 394 Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs), por exemplo” – Enviado por Cacau QuilLeia na íntegra

Entre as suas várias modalidades de “doações”, a benemérita Odebrecht usava uma bastante direta e objetiva: servia para comprar emendas ou a própria redação de Medidas Provisórias, que são editadas pelos governos e votadas pelo Congresso Nacional. As chamadas MPs se transformaram numa espetacular fonte de renda para os políticos brasileiros e isso não tem obrigatoriamente a ver com eleição. [...]. 
Isso é desmoralizante, desanimador, irritante, enojante, porque a sociedade brasileira já não sabe mais se as medidas editadas pelos sucessivos governos eram de fato “relevantes e urgentes” para o País e seus cidadãos, ou se eram convenientes para grandes corruptores e uma galinha dos ovos de ouro para corruptos. O que Emílio e Marcelo Odebrecht, além de seus executivos, vêm ensinando sobre esse universo de corrupção pode ser estendido, mundo afora, para as empreiteiras, como OAS, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão. E também para os mais variados setores, de produção de carnes (já na Operação Carne Fraca) a bancos (uma Lava Jato à parte)...
A força-tarefa da Lava Jato não parece interessada na delação de um Eduardo Cunha em troca de amenizar sua pena, mas certamente está se coçando pelo que têm a dizer João Santana e Mônica Moura e, particularmente, Antonio Palocci. Além de jararacas, jacarés e crocodilos, virão muitas outras cobras e lagartos.
Nem todo juiz é um Sérgio Moro, nem toda primeira instância é igual às de Curitiba, DF e Rio, mas a tendência é que a Lava Jato produza muitas Lavajatozinhas. Aliás, nem sempre no diminutivo. No Rio, o insaciável Sérgio Cabral e sua quadrilha não devem nada, em valores ou falta de pudor, ao que já vimos na investigação-mãe. E, para quem acha que já viu tudo, grandes revelações ainda surgirão – Eliane Cantanhêde/Estadão - Leia na íntegra

O gráfico do fim do mundo
   
   
O empresário Marcelo Odebrecht revelou em depoimento que a empreiteira chegou a perder o controle do esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato e descobriu que houve roubo interno no Departamento de Operações Estruturadas, conhecido como 'setor de propina'. Depois do desvio de mais de US$ 3 bilhões entre 2006 e 2014, a Odebrecht identificou prejuízos no caixa do departamento, abastecido com o desvio de dinheiro público. O valor desviado internamente não foi revelado por Marcelo Odebrecht.
"Tanto é assim que a gente foi descobrir agora quanto de roubo interno que havia. Por quê? Porque, se esse tipo de de controle existisse por alguém, nós teríamos discutido a quantidade de desvio interno que houve. Ou seja, as pessoas que faziam desvio interno se beneficiavam justamente do fato de que não havia nenhum tipo de controle", afirmou Marcelo em depoimento que faz parte do acordo de delação premiada.
-Dá pena né não? Deve ser frustrante para um empresário que investiu tanto pra manter uma das maiores redes de corrupção do mundo descobrir que foi roubado por seus pares. É o submundo do submundo.

A Odebrecht informou na sua delação premiada que só pôs fim aos pagamentos de propina e caixa dois feitos pela empresa mais de um ano após o início da Operação Lava Jato. O patriarca da empreiteira, Emílio Odebrecht, contou ao Ministério Público Federal que deu ordens para acabar com repasses ilícitos somente após a prisão do filho Marcelo, então presidente do grupo, em junho de 2015.
Com a detenção do filho, Emílio voltou ao comando do grupo. A determinação, segundo ele, foi de paralisar inclusive pagamentos atrasados. Ele mencionou um episódio envolvendo o marqueteiro Duda
"Quando eu, logo uma semana depois [da prisão de Marcelo Odebrecht], oficializava a entrada no Newton [de Souza] como presidente substituindo o Marcelo e ao mesmo tempo definia uma série de regras dentro da organização foi que daí para frente terminou o caixa dois, zerava, os compromissos que existiam morreram, [a ordem era] desfazer tudo, não existe mais", afirmou Emílio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário