O principal
embate na definição de um eventual substituto de Michel
Temer é da “senioridade”, o PSDB, o PMDB e o Senado contra a “junioridade”, a
massa e os partidos médios da Câmara. O ponto em comum é que todos, do PSDB ao
PT, aderiram ao “voto de desconfiança construtivo”, do Direito alemão, que
consagra o que vem sendo dito aqui desde o início da crise JBS: Temer só cai
quando houver um sucessor virtualmente ungido.
Alckmin e Doria
lançam Fernando Henrique, o top da senioridade. FHC e Serra preferem Nelson
Jobim, que se finge de morto, mas está bem vivo. Tasso Jereissati faz o meio de
campo, mas, se o ângulo ajudar, chuta em gol. As conversas entre eles decantam
para a base governista e se ampliam em ondas pelos cafezinhos do Congresso.
É ali que o
deputado “júnior” Rodrigo Maia (DEM-RJ) concentra trunfos. Como presidente da
Câmara, já é o segundo na linha sucessória de Temer, terá o próprio cargo atual
para negociar, é um peixe dentro d’água na Casa que detém a esmagadora maioria
dos votos indiretos e nada de braçada com partidos médios, como o próprio DEM,
o PTB, o PP, o PSD... De quebra, não é de PT, PSDB nem PMDB, o que alivia as
resistências. [...].
Pairando sobre
essas considerações, há um fato e dois personagens chaves. Fato: o governo está
por um fio, mas atravessou mais uma semana, reza para não explodirem mais
bombas, gravadores e delatores e avalia que o derretimento da economia pesa a
favor de sua manutenção, não da troca de comando. E os personagens são Temer e
Gilmar Mendes.
Gravemente
ferido, Temer é do PMDB e tem a condescendência dos tucanos, que o descrevem
como um professor de Direito Constitucional que não ostenta riqueza e merece um
“tratamento digno”, mesmo na possível queda. Quanto ao ministro: se a eleição
indireta passa pelo PSDB, o destino de Temer passa por Gilmar, que preside o
TSE e foi decisivo para a nomeação de dois novos ministros, no total de sete. [...].
O PT se informa
desses movimentos e pode falar, ouvir e opinar, mas sem votar num colégio
indireto, que seria heresia para suas bases. Mais: onde encaixar Lula, réu seis
vezes e suspeito de ter institucionalizado a corrupção? Aliás, se Suas
Excelências querem aproveitar para livrar a cara dos alvos da Lava Jato e
exigir do eleito indiretamente um indulto para todos os ex-presidentes, eis um
aviso: isso explodiria de vez o País. A sociedade e as instituições fariam
picadinho do sucessor de Temer - Eliane Cantanhêde/Estadão – Leia
na íntegra
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