A
nova onda de denúncias deixou até mesmo o pesquisador britânico especialista em
Brasil estarrecido. Além de considerar as evidências condenatórias, Anthony
Pereira, diretor do Brazil Institute do Kings College of London, avalia que a
situação tem potencial de mergulhar o País em sua segunda gravíssima crise
política e institucional em dois anos.
Apesar de a Constituição dizer o contrário, a opinião
pública tem se mostrado a favor de eleições direta. Qual a melhor solução?
-Esta é uma
questão para o povo brasileiro, mas, tendo em conta tudo o que aconteceu e
considerando a baixa estima, bastante compreensível, dos eleitores por seus
congressistas, eu seria em favor de uma emenda constitucional para novas
eleições.
Se Temer continuar no poder, o sr. Considera que terá
força política para realizar as reformas?
-Eu duvido. As
reformas foram adiadas, ele está perdendo ministros e apoio no Congresso, e o
fundamento de sua governabilidade, que já era magro, parece estar se
evaporando. Acho que, se Temer permanecer no cargo, sua busca pela
sobrevivência política dominará todas as outras considerações.
Que imagem o Brasil está passando ao exterior, na sua
visão? A de um país caótico ou de uma democracia em busca de reformas e limpeza
ética?
Se o Brasil
perder outro presidente menos de 12 meses depois de processar a presidente
Dilma Rousseff, o mundo vai notar. Parece uma forma de instabilidade política,
e os estrangeiros se preocuparão com isso. Por outro lado, se Michel Temer
perder o cargo será por causa da energia e da autonomia das investigações
anticorrupção em andamento.
O último,
entretanto, está envolvendo somente “peixes grandes”, como Temer porque a
corrupção é sistemática e penetrante. O Brasil terá uma história muito melhor
para contar, e uma imagem melhor do que tem agora, se as investigações
anticorrupção levarem ao desenho de novas regras e práticas que mais limpas do
que os do passado. Mas este não é sempre o resultado de investigações
anticorrupção, como o caso italiano nos lembra - Andrei Netto, correspondente de Paris,
para O Estadão – Leia
na íntegra
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