Capa da edição de ÉPOCA desta semana
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Na manhã da
quinta-feira (15), o empresário Joesley Batista, um dos
donos do grupo J&F, recebeu ÉPOCA para conceder sua primeira entrevista
exclusiva desde que fechou a mais pesada delação dos três anos de Lava Jato. Em
mais de quatro horas de conversa, precedidas de semanas de intensa negociação,
Joesley explicou minuciosamente, sempre fazendo referência aos documentos
entregues à Procuradoria-Geral da República, como se tornou o maior comprador
de políticos do Brasil – Abaixo o blog
transcreveu trechos dessa entrevista:
Qual, afinal, a natureza da relação do senhor com o
presidente Temer?
-Nunca foi uma
relação de amizade. Sempre foi uma relação institucional, de um empresário que
precisava resolver problemas e via nele a condição de resolver problemas. Acho
que ele me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele – e
fazer esquemas que renderiam propina. Toda a vida tive total acesso a ele. Ele
por vezes me ligava para conversar, me chamava, e eu ia lá.
Conversar sobre política?
-Ele sempre
tinha um assunto específico. Nunca me chamou lá para bater papo. Sempre que me
chamava, eu sabia que ele ia me pedir alguma coisa ou ele queria alguma
informação.
Segundo a colaboração, Temer pediu dinheiro ao senhor
já em 2010. É isso?
-Isso. Logo no
início. Conheci Temer, e esse negócio de dinheiro para campanha aconteceu logo no
iniciozinho. O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto. Não é
um cara cerimonioso com dinheiro.
Ele sempre pediu sem algo em troca?
-Sempre estava
ligado a alguma coisa ou a algum favor. Raras vezes não. Uma delas foi quando
ele pediu os R$ 300 mil para fazer campanha na internet antes do impeachment,
preocupado com a imagem dele. Fazia pequenos pedidos. Quando o Wagner saiu,
Temer pediu um dinheiro para ele se manter. Também pediu para um tal de Milton
Ortolon, que está lá na nossa colaboração. Um sujeito que é ligado a ele. Pediu
para fazermos um mensalinho. Fizemos. Volta e meia fazia pedidos assim. Uma vez
ele me chamou para apresentar o Yunes. Disse que o Yunes era amigo dele e para
ver se dava para ajudar o Yunes.
[...].
-O ministro Geddel falava em nome do presidente Temer?
-Sem dúvida.
Depois que o Eduardo foi preso, mantive a interlocução desses assuntos via
Geddel. O presidente sabia de tudo. Eu informava o presidente por meio do
Geddel. E ele sabia que eu estava pagando o Lúcio e o Eduardo. Quando o Geddel
caiu, deixei de ter interlocução com o Planalto por um tempo. Até por precaução
– Leia
na íntegra
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