"A palavra
propina foi inventada pelos empresários para tentarem culpar os políticos. Ou
pelo Ministério Público. Por tudo o que leio na imprensa, todas as campanhas do
Brasil sempre foram feitas... A diferença é que agora transformaram as doações
em propina, então tudo ficou criminoso” - Lula
da Silva em entrevista à rádio Tiradentes do Amazonas, transmitida ao vivo pelo
Facebook de Lula.
Entre
os patos de 1972 estavam os militares - Um
documentário de Stefanie Dodt e Thomas Aders mostrou ao público alemão as
relações promíscuas da Volkswagen com o aparelho repressivo da ditadura
brasileira. A Volks não foi a única empresa a denunciar trabalhadores, mas é a
única que está sendo cobrada no seu país. O problema da Volks era pedir
desculpas. Agora surgiu outro: ter que se desculpar por não ter se desculpado.
Essa questão
mostra a saudável relação da sociedade alemã com suas grandes empresas. Nada
parecido acontece em Pindorama. A Federação das Indústrias de São Paulo, a
Fiesp do pato amarelo, jamais pediu desculpas por ter organizado o caixa dois
da guarnição militar de São Paulo.
Uma carta do
embaixador americano William Rountree ao Departamento de Estado mostra que no
início de 1972 os empresários que vinham sendo arrebanhados pela Fiesp tiveram
medo de abandonar o esquema. Eles fizeram saber ao embaixador que "tinham
ido muito longe para poderem recuar e achavam que, se o fizessem, prejudicariam
seriamente suas relações com a Federação das Indústrias". Afinal era ela
quem coletava o dinheiro.
A Fiesp
financiou a repressão e bajulou os militares até que os ventos mudaram e
criaram-se outras caixas, umas coletivas, outras individuais - Elio
Gaspari/Folha de São Paulo, domingo 30
Nicolás Maduro...
recebeu US$ 35 milhões de doação da Odebrecht no caixa
dois.
A informação
consta da parte ainda sob sigilo da delação premiada de Euzenando de Azevedo,
ex-executivo da empreiteira para a Venezuela.
Azevedo contou
ter sido procurado em 2013 por Americo Mata, coordenador da campanha, com um
pedido de US$ 50 milhões. Em troca, Maduro deveria manter as obras da Odebrecht
como prioritárias.
O intermediário de Maduro indicou uma série de empresas com
contas no exterior, onde o dinheiro foi depositado, entre março e junho daquele
ano.
A delação
entrega ainda repasses para outros políticos do chavismo — como o todo-poderoso
Diosdado Cabello, ex-presidente da Assembleia Nacional — e da oposição, como
Antonio Ledezma, ex-prefeito de Caracas e preso político até hoje.
Lá como cá, a
Odebrecht nunca teve preconceito ideológico, distribuía dinheiro para qualquer
partido que lhe desse algo em troca.
A propósito,
Emílio Odebrecht tem dito a interlocutores que apoia a permanência de Michel
Temer no cargo - Lauro Jardim para O Globo domingo 30
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