Em 13 de
fevereiro último, o presidente Temer anunciou à Nação
que afastaria temporariamente ministros denunciados por corrupção na Lava Jato.
“Se houver denúncia, que é um conjunto de provas, eventualmente que possam
conduzir ao seu acolhimento, o ministro que estiver denunciado será afastado
provisoriamente. Logo depois, se acolhida a denúncia, e aí o ministro se
transformando em réu, o afastamento é definido”, disse o presidente. E
completou: “Se alguém converter-se em réu estará afastado, independentemente do
julgamento final”. Até agora não contou por que mantém Moreira Franco e Eliseu
Padilha em seus cargos, mesmo tendo sido denunciados.
Três meses e
cinco dias depois da promessa, os queixos de mais de 200 milhões de brasileiros
literalmente desabaram com a revelação feita pelo colunista Lauro Jardim, do Globo,
de que o chefe do governo havia recebido o acusado Joesley Batista para um papo
íntimo no porão. Quatro meses e uma semana depois, nenhum dos brasileiros
surpreendidos recebeu satisfação alguma, convincente ou não, verossímil ou
fantasiosa, para o fato. Temer não explicou por que recebeu um delinquente
notório (cuja ficha ele mesmo faria questão de divulgar) na calada da noite, na
garagem do próprio público onde mora com a mulher e o filho, para discutir
assuntos nada ingênuos, como a compra de silêncio de um presidiário e propinas
pagas a insignes servidores públicos do Judiciário.
Do ponto de
vista da lógica comum dos fatos, além de não justificar ou se desculpar por
nada, o mais poderoso dos chefões da República concentrou suas energias para
desqualificar o ex-cúmplice tornado oponente, o que, pela lógica, só
complicaria a própria situação. Para isso, agarrou-se a particularidades da ordem
constitucional vigente no País, conforme a qual o principal mandatário só pode
ser processado por quaisquer delitos que cometa antes e depois de haver
exercido o cargo. Então, usou sua habilidade de fazer amigos e exercer
influência na Câmara, que decidiu mantê-lo no posto, sendo a maioria dos
deputados (portanto, ex-colegas) tão ou mais suspeita do que ele e seus
auxiliares próximos. - Leia
mais
Abaixo uma
simulação do plenário da Câmara caso os políticos, denunciados por corrupção na
Lava Jato, fossem afastados “temporariamente” de suas atividades... mesmo este nobre
e solitário meliante, ops! este nobre e solitário deputado compareceu a
casa porque está cumprindo pena em regime aberto e, nessa condição, ele é
autorizado a deixar a unidade penitenciária durante o dia para trabalhar,
devendo retornar, a carceragem, à noite.
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